Crise de Ansiedade no Dentista: Quais as Causas?

A crise de ansiedade no dentista é um acontecimento comum.

Cerca de 2 em cada 8 brasileiros apresentam ansiedade no dentista em graus moderados a graves.

Em outras partes do mundo, os dados apontam que 10 a 15% das pessoas sofrem com ansiedade nessas situações (1,2).

Por conta disso, o número de pessoas que deixam de procurar o atendimento odontológico (com dentistas) também é grande.

O que dificulta a prevenção das doenças bucais.

Portanto, entender melhor o que é uma crise de ansiedade no dentista e as suas causas pode ser útil para conseguir lidar melhor com esta questão.

O que é odontofobia?

A odontofobia é um termo técnico para se referir a um tipo de medo claramente excessivo e irracional de dentistas ou de situações que envolvem este profissional. Por exemplo, pesssoas com odontofobia podem apresentar crise de ansiedade no dentista ou até fazer de tudo para evitar a ida ao consultório. Mesmo que a maioria dos procedimentos odontológicos não causem dor, é comum que estas pessoas deixam de obter os cuidados para a sua saúde bucal.

Sendo assim, há riscos de prejuízo na prevenção de problemas odontológicos o que pode levar ao agravamento de algumas doenças comuns como:

  • Gengivite (inflamação da gengiva, que pode ter sangramento ou não)
  • Cárie dental (caracteriza-se principalmente por manchas brancas e escuras nos dentes)

É importante lembrar que esses quadros geralmente são fáceis de se prevenir ao se fazer consultas periódicas com um dentista.

Somente quando essas doenças estão em estágios mais avançados, elas geram desconforto e dor.

Nesse sentido, vale lembrar que a dor também pode despertar um ciclo de ansiedade, que se torna ainda mais intenso quando o paciente está no ambiente odontológico.

Portanto, é importante ficar atento para que diferentes causas de ansiedade não se acumulem a ponto de impedir a procura por cuidados com a saúde bucal.

O que pode aumentar o risco de crise de ansiedade no dentista?

De acordo com um estudo brasileiro (3), os principais fatores que parecem aumentar o risco de ansiedade diante de um atendimento odontológico são:

  • Ser do sexo feminino (embora homens também possam ter ansiedade)
  • Idade mais avançada
  • Experiências traumáticas prévias
  • Descaso com saúde bucal
  • Falta de recursos econômicos
  • Experiência de dor prévia (4)

Experiencias traumáticas prévias

Podem ser de diversos tipos em diferentes indivíduos.

Uma vez que o atendimento odontológico proporciona situações que podem ser desconfortáveis.

Por exemplo, o ato de receber anestesia local pode gerar um pouco de dor até despertar o próprio medo de agulha.

Ou quando a técnica anestésica não foi adequada de modo que permanece a dor ao longo do atendimento.

Além disso, métodos de contenção física que se utilizam principalmente em odontopediatria (atendimento de crianças) também podem ser traumáticos emocionalmente.

Até mesmo histórias contadas por outras pessoas podem propagar algum tipo de trauma.

A ponto de serem tão impactantes quanto a experiência da pessoa em si que vivenciou, principalmente quando a história tem como origem alguma pessoa de confiança.

Por fim, muitos idosos estão entre os principais adultos com medo e ansiedade de dentista.

Pois o atendimento que recebiam antigamente era precário e muitas vezes realizado por um “dentista prático” (pessoa sem diploma de cirurgião-dentista).

Descaso com saúde bucal

A falta de autocuidado com a saúde bucal pode levar a sintomas de ansiedade durante o tratamento com o dentista.

Porque essas pessoas costumam ter mais dor nos dentes e quadro de cáries mais graves.

Com isso, podem ter um medo adicional por necessitarem de tratamentos com procedimentos mais longos em duração.

Falta de recursos econômicos

Pessoas com maior vulnerabilidade econômica têm mais obstáculos para superar a ansiedade odontológica.

As pessoas dessa faixa social têm menos acesso a tratamento psicológicos e/ou psiquiátricos.

O fato de ter que gastar muito dinheiro em determinados procedimentos também pode agravar essa sensação.

Além disso, a falta de acesso a informação prejudica o nível de aceitação ao atendimento.

Como controlar a ansiedade no dentista?

Ter uma crise de ansiedade no dentista pode ser algo difícil de se antecipar em alguns casos.

No entanto, uma forma inicial para lidar com este problema é informar ao seu dentista previamente sobre o medo ou a preocupação.

Uma conversa inicial pode ajudar a trazer mais tranquilidade antes mesmo de passar por exame inicial do interior da boca.

No entanto, em casos mais graves de ansiedade, como é o caso de pessoas com odontofobia, pode ser necessário a ajuda de outros profissionais.

Por exemplo, a consulta com um médico ou psicólogo pode ser importante para se identificar melhor o tipo de ansiedade que está ocorrendo (5).

Por fim, é fundamental lembrar que a prevenção é um dos melhores caminhos para se evitar maiores problemas com a saúde bucal.

Ou seja, não deixe de fazer a higiene oral diariamente e passar por consultas periodicamente.

Isso certamente também ajudará a amenizar problemas com a ansiedade.

Este artigo te ajudou?
(Autor)

Discente do curso de Odontologia pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG). Tem experiência em pesquisas científicas na área de Cirurgia Oral e Periodontia (CNPq), relacionadas ao comportamento e à atividade da própolis na doença periodontal e ferida de palato experimental. Atua como escritor na equipe do Vitalismo abordando assuntos em geral, com ênfase em temas associados à área odontológica.

Este artigo não possui comentários
      Deixe seu comentário

      O seu endereço de email não será publicado.