Depressão em idosos: Como a Doença afeta a Terceira idade

Com o envelhecimento da população, é importante se atentar para a ocorrência de depressão em idosos.

Isso porque essa condição pode aparecer de maneiras diferentes em pessoas com mais idade em comparação aos mais jovens.

Para nos ajudar a compreender mais sobre a depressão em idosos, convidamos a Dra. Julia Khoury para uma entrevista.

Ela é graduada em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem especialização em psiquiatria e psicogeriatria pelo Hospital das Clínicas da UFMG.

Além disso, Dra. Khoury é mestre e doutora em medicina molecular e pesquisadora do Centro Regional de Referência em Drogas da UFMG e atua também como professora universitária.

Quem é e o que faz um psicogeriatra?

A psicogeriatria, ou a psiquiatria de idosos, é uma subárea da especialização em psiquiatria. Ou seja, o médico se forma como psiquiatra e depois escolhe se especializar em psiquiatria para idosos.

Essa especialização é importante pois existem transtornos mentais que aparecem mais na terceira idade.

Além disso, as condições podem ter características diferentes em idosos quando comparados ao restante da idade adulta.

Quais são os sinais de depressão em idosos?

Antes de mais nada, é importante ressaltar que os sinais e sintomas de depressão em pessoas idosas podem ser diferentes dos mais jovens.

Uma vez que o idoso raramente se queixa de tristeza.

Ou seja, a queixa mais comum de jovens deprimidos não é comum em idosos que estão com depressão.

Por isso, o diagnóstico de depressão nos idosos pode ser mais difícil.

Em geral, os sinais nos idosos que podem indicar esse quadro são, por exemplo:

  • Diminuição da energia
  • Deixar de fazer atividades que antes lhe davam prazer
  • Parar de realizar trabalhos domésticos
  • Desinteresse por hobbies e atividades de lazer
  • Alterações no sono (insônia ou sono excessivo, por exemplo)
  • Isolamento
  • Alteração no peso e apetite
  • Sintomas somáticos, ou seja, que aparecem no corpo como doenças que não têm outra explicação ou surgimento de dores
  • Alterações na memória

Por fim, é importante lembrar que, ao decorrer da idade, as pessoas ficam mais suscetíveis ao aparecimento de outras doenças.

Por isso, é preciso ter certeza de que esses sintomas não tenham relação com alguma outra condição médica.

Como os familiares e a rede de apoio podem perceber sinais de possível depressão em idosos?

É muito comum que a família e amigos próximos percebam os sinais de depressão.

Isso porque, aquele idoso ativo, que fazia suas atividades, saía de casa e tinha contato com as pessoas passa a querer ficar isolado e deixa de fazer o que fazia antes.

É importante entender que as pessoas que são idosas atualmente, viveram em uma época em que a saúde mental não era tão valorizada quanto hoje.

Ou seja, muitos têm certa resistência em falar sobre isso.

Isso porque eles podem ver essa condição como fraqueza e, por isso, não falam espontaneamente sobre sofrimento mental.

Por fim, um problema que enfrentamos na sociedade é o abandono dos idosos.

Isso pode dificultar a busca e o diagnóstico dos idosos que estão sofrendo com a depressão.

Por isso, é importante uma rede de apoio que seja próxima e consiga reparar nas possíveis alterações no dia a dia da pessoa idosa.

Quais as causas de depressão nos idosos?

De modo geral, pode ser difícil encontrar uma causa exata para o desenvolvimento da depressão nos idosos.

Além disso, podemos separar a depressão em dois tipos:

A depressão endógena é aquela onde já existe uma predisposição genética para seu desenvolvimento.

Ou seja, histórico de quadros depressivos da família ou se o idoso já teve depressão em outros momentos da vida.

Nesse caso, tem menos relação com fatores externos.

Porém, existe o outro tipo que acomete pessoas que nunca apresentaram quadros de depressão e se tornam deprimidos na terceira idade.

Assim, esse último caso pode ter relação com acontecimentos e fatores externos, por exemplo:

  • Aposentadoria (perda das funções de trabalho)
  • Isolamento
  • Perder função importante na sociedade (se sentir improdutivo)
  • Diminuição da sensação de valor pessoal
  • Preconceito com o envelhecimento
  • Adoecimento físico comuns da idade
  • Perda de funcionalidades
  • Dependência de outras pessoas para fazer coisas que antes faziam sozinhos

Quais as complicações da depressão em idosos?

Além do risco de suicídio, existem algumas outras complicações que podem aparecer devido a quadros constantes de depressão, por exemplo:

  • Aumento da chance de desenvolver demência
  • Maior risco de desenvolver doenças autoimunes
  • Aumento das dores crônicas como em casos de artroses e artrites
  • Prejuízos irreversíveis na memória

Qual profissional se deve procurar quando houver suspeita de depressão em idosos?

O geriatra é um médico especialista no cuidado com pessoas idosas.

Por isso ele é o mais indicado e vai investigar todas as doenças que podem ter relação com os sinais e sintomas apresentados.

Assim, quando se desconfia de um sofrimento psíquico, ele pode encaminhar para um psiquiatra para melhor análise e diagnóstico.

Existe cura para a depressão? Como é o tratamento da depressão em idosos?

Em alguns casos esporádicos de quadros depressivos, é possível uma cura com uso de medicação por em média 6 meses há 2 anos.

No entanto, existem casos de depressão crônica onde o paciente tem quadros recorrentes e não consegue recuperar seu estado de humor saudável.

Nesses casos a recomendação é que se use a medicação para o resto da vida para evitar o surgimento de novos episódios.

Além disso, existem atividades que podem auxiliar no tratamento da depressão em idosos, por exemplo:

  • Prática de exercícios físicos
  • Contato com outros idosos (socialização)
  • Atividades de lazer (arte, dança, festas por exemplo)
  • Psicoterapia (acompanhamento com psicólogos)
  • Hábitos alimentares saudáveis (dietas que envolvam legumes, verduras e peixes)

Como prevenir a depressão antes de chegar na terceira idade?

Para uma melhor qualidade de vida na terceira idade, é importante desenvolver bons hábitos desde a juventude.

Por isso, alguns hábitos de de estilo de vida podem te proteger contra a depressão em idosos, por exemplo:

  • Conseguir lidar ou evitar o estresse
  • Exercitar a resiliência (capacidade de se adaptar às adversidades)
  • Ter um mindset de crescimento, ou seja, ver as adversidades como oportunidades de aperfeiçoamento
  • Alimentação saudável
  • Prática regular de exercícios físicos
  • Estar constantemente estudando e progredindo intelectualmente
  • Estar em uma ocupação que te faça sentir feliz e realizado
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(Autor)

Dra Julia Khoury é médica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), psiquiatra pelo Hospital das Clínicas (HC) da UFMG e psicogeriatra pelo HC-UFMG. Além disso, é mestre e doutora em Medicina Molecular pela UFMG, pesquisadora do Centro Regional de Referência em Drogas da UFMG e professora universitária.

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