Ideação Suicida: Como Prevenir uma Tragédia?

A ideação suicida pode ser entendida como a prática de pensar ou planejar tirar a própria vida.

Em geral, as pessoas que pensam em tirar a própria vida costumam dar sinais sobre essa decisão.

Por isso, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é evitável.

Mas afinal, você sabe identificar os sinais da ideação suicida?

Nesse artigo você vai conhecer algumas causas para esse comportamento.

Além disso, vai ler sobre como podemos ajudar as pessoas que estão nessa situação.

Qual a diferença entre a ideação suicida e a tentativa de suicídio? (1)

Na ideação suicida, a pessoa acredita e pensa no suicídio como uma solução para os seus problemas. Ou seja, a ideação são os pensamentos e planejamentos do indivíduo sobre tirar a própria vida. Já a tentativa de suicídio é colocar em prática o planejamento e, dessa forma, atentar de forma proposital contra a própria vida.

Quais são as causas da ideação suicida?

Em primeiro lugar, é importante entender que a ideação e o suicídio são fenômenos muito complexos e que dependem de vários fatores.

Ou seja, algumas condições podem aumentar as chances da ideação e do suicídio.

Apesar de sua complexidade, podemos relacionar alguns fatores de risco com esses fenômenos.

Alguns exemplos desses fatores são (2,3):

  • Transtornos de humor (como a depressão)
  • Transtornos de ansiedade
  • Vício em substâncias (como álcool e outras drogas)
  • Histórico de suicídio na família
  • Diagnósticos de doenças que podem causar julgamento social (como HIV/AIDS)
  • Vivência de um evento extremamente traumático
  • Grandes dívidas financeiras (4)
  • Perdas recentes (separações, mortes)
  • Histórico de abuso e negligência na infância
  • Lesões permanentes (como amputações e queimaduras)

Quais são os sinais da ideação suicida ? (5,6)

Ao considerar o suicídio como uma opção, a pessoa pode dar alguns sinais sobre essa decisão.

Por isso, conhecer e saber identificar esses sinais pode fazer com que você perceba que alguém precisa de ajuda.

De maneira geral, os sinais que aparecem com mais frequência são:

  • Alterações extremas de humor
  • Falar sobre morte com mais frequência
  • Usar frases de alarme como “a vida não vale a pena”, “vou deixar vocês em paz”, “eu queria sumir”
  • Melhora súbita (a felicidade súbita pode ser um sinal de que a pessoa já aceitou a decisão de encerrar a própria vida)
  • Desapego
  • Doar seus pertences
  • Organizar finanças
  • Mudanças inesperadas (como cortes de cabelo radicais)
  • Isolamento social
  • Visitar entes e amigos queridos (como uma forma de despedida)
  • Comportamentos compulsivos e perigosos (como o abuso de drogas e álcool, dirigir embriagado; esses são indícios de que a pessoa já não dá importância à própria vida)

Como ajudar alguém com ideação suicida? (7)

Em primeiro lugar, é importante compreender que a vontade de suicidar-se está relacionada, principalmente, com a tentativa de cessar o sofrimento.

Ou seja, a pessoa com ideação suicida não consegue enxergar outras formas de lidar com o sofrimento e pensa na morte como a única saída.

Por isso, para ajudar essa pessoa, é importante tentar mostrar a ela que existem formas de lidar com essa situação.

Para que isso aconteça, você pode tentar estabelecer um vínculo de confiança para conversar abertamente sobre suicídio com essa pessoa, sem julgá-la.

Além disso, incentive a busca por ajuda profissional, por exemplo: acompanhamento com psicólogo e psiquiatra.

Você pode se oferecer para acompanhá-la a um atendimento.

Por fim, lembre-se que se a pessoa se abriu com você, ela espera ser levada a sério e ter seus sentimentos valorizados e respeitados.

Se você vive com uma pessoa com ideação suicida, algumas dicas práticas podem ajudar, por exemplo:

  • Não deixá-la sozinha
  • Limitar o acesso a ferramentas perigosas como facas, veneno e armas de fogo
  • Controlar a ingestão de medicamentos (isso porque, em excesso, alguns medicamentos podem causar a morte)

O que não fazer?

Por se tratar de uma situação delicada, algumas atitudes podem atrapalhar e até mesmo incentivar a decisão do suicídio.

Por isso, evite: (8)

  • Duvidar da intenção da pessoa, por exemplo: “você não teria coragem de se matar”
  • Ignorar a situação
  • Falar para terceiros sobre os sentimentos da pessoa sem o consentimento dela
  • Entrar em pânico e demonstrar nervosismo
  • Dizer que a pessoa está sendo dramática
  • Rir dos seus sentimentos
  • Fazer comparações como “tem gente que está pior que você e não se matou”

Quando pedir ajuda?

Se você percebe que tem pensamentos sobre ideação suicida, peça ajuda o mais rápido possível.

Em primeiro lugar, procure alguém que você confia e diga como se sente.

Além disso, no Brasil, você pode buscar os serviços de saúde próximos a você (como a Unidade Básica de Saúde e o Pronto Socorro).

Por fim, você também pode procurar o CVV (Centro de Valorização a Vida) (9) no Brasil, se precisar de apoio emocional e alguém para conversar.

Os canais do CVV são por chat, e-mail e telefone através do número 188 (ligação gratuita) 24h por dia.

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Graduanda em enfermagem pela Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB - UNESP). Entrei na faculdade movida pela paixão e vocação de cuidar e ajudar as pessoas.Aqui no Vitalismo, tive oportunidade de alcançar e ajudar muitas pessoas além de meus pacientes.Desde o início da faculdade, minha área de interesse e vocação é a saúde da mulher (ginecologia e obstetrícia). Por isso, sempre estive envolvida em projetos de iniciação científica e de extensão que abordassem essa temática.Já fui presidente da liga de ginecologia da UNESP, organizei eventos e simpósios sobre o tema.Atualmente sou coordenadora do projeto Papo de Parto, em parceria com a UNESP e PROEX. Além disso, se você estiver em algum evento de ginecologia e obstetrícia, pode me procurar pois estarei lá!

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

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