O Que é Luto? Entenda os Efeitos de uma Perda

Atualmente, é muito difícil falar de luto.

Isso por conta das milhões de mortes contabilizadas por Covid-19.

No Brasil, mais de 600 mil mortes foram registradas desde o início da pandemia (1).

Elas significam milhares de famílias em luto.

E um mal-estar espalhado por todo o país.

Mas o que é o luto?

Nesse artigo, vou lhe apresentar formas de lidar com o luto, um momento tão delicado.

O que é o luto?

Luto é uma resposta emocional para uma perda. Conhecemos o estado de luto por ser vivenciado após a morte de alguém próximo, como um familiar ou um amigo, mas ele também pode acontecer após outras perdas difíceis de lidar. Por exemplo, o falecimento de um animal de estimação, uma gravidez interrompida ou mesmo passar por um divórcio.

Em caso de óbito, muitos fatores podem influenciar na experiência.

Como a idade da pessoa que faleceu e como se deu a morte.

Além disso, o nível de proximidade que você tinha com quem faleceu e quanto tempo você teve para se preparar para a despedida também influenciam (2).

Por conta desses diversos fatores, não é possível determinar quantos dias dura o luto.

Quais podem ser os efeitos de uma perda?

Recuperar-se de uma perda pode não ser fácil.

Os efeitos que surgem, na maioria dos casos, incluem (3):

  • Choque, principalmente em casos de mortes repentinas
  • Negação ou dificuldade de aceitar o ocorrido
  • Tristeza intensa
  • Sentimento de vazio e de solidão
  • Ansiedade
  • Culpa
  • Raiva

De qualquer modo, observa-se que o luto é uma jornada individual.

Ou seja, é capaz de afetar indivíduos de formas totalmente diferentes.

Aliás, o luto pode até mesmo não ocorrer após uma perda.

Até porque nem toda perda é significativa, mesmo quando envolve laços familiares, profissionais etc.

Em todo caso, não é errado reagir de forma diferente, pois não existe uma reação certa.

É comum que sujeitos que não choram ou se mostram mais frios sejam vistos como insensíveis ou indelicados.

Mas reações como essas podem ser consequência apenas da personalidade de cada um.

Bem como resultado de vivências pessoais que nem todos têm conhecimento.

Algumas pessoas podem ser mais expressivas do que outras.

Mas não devemos condenar aqueles que optam por não expor seus sentimentos.

Luto complicado: quais as diferenças?

Existem também os casos em que os efeitos do luto não passam por um desaparecimento gradual, o que seria o esperado.

Ao contrário, eles começam a trazer um prejuízo significativo para a capacidade funcional de quem vive a perda.

Nesse caso, temos o que pode ser chamado de ‘luto complicado‘.

Em princípio, seus sintomas são iguais aos efeitos de um luto “natural”.

Entretanto, com o passar do tempo, esses se intensificam e originam pensamentos preocupantes.

Como concluir que a vida não vale a pena sem aquele que se foi e até desejar ter partido junto.

Algumas pessoas chegam a desenvolver quadros de transtornos mentais, principalmente a depressão.

Entre as complicações podem estar ainda o desenvolvimento de transtornos de ansiedade, tendência à automutilação e ideações suicidas.

Além de talvez passarem por momentos de hábitos alimentares ruins (pular refeições) e abuso de substâncias (álcool e outras drogas).

O que fazer para superar o luto?

Primeiramente, procurar o apoio de pessoas de confiança, como membros da família e amigos, é uma opção a ser levada em consideração.

Pois é uma boa forma de não lidar com a angústia de maneira solitária.

Além disso, muitos também podem encontrar alívio em crenças religiosas e espirituais sobre a morte.

Mas é importante destacar que você não precisa esperar a chegada de um quadro preocupante para considerar a busca por ajuda profissional.

O processo “natural” pode ser extremamente exaustivo emocionalmente.

E obter um diagnóstico correto é essencial para um tratamento adequado.

Por isso, conseguir um acompanhamento psicológico o mais cedo possível pode fazer toda a diferença.

Mesmo que falar sobre o evento trágico possa ser doloroso, este é um passo fundamental.

Já em casos de luto complicado, buscar auxílio é uma medida fortemente recomendada.

Isso inclui, além da terapia, ajuda médica.

Por fim, tenha em mente que, para muitas pessoas, o luto é um processo que tem a sua importância para a superação de perdas.

Portanto, não se sinta pressionado para ter pressa de “seguir em frente”, ou seja, dê tempo a si mesmo para viver o seu luto.

Este artigo te ajudou?
(Autor)

Thays Alvaro é estudante de psicologia na Universidade Federal Fluminense (UFF). Atualmente no 5° período da graduação, já participou de diversas atividades extracurriculares ligadas à Neurociências, como a ocupação de palestrante no evento Escola com Ciência, promovido através do NuPEDEN UFF (Núcleo de Pesquisa, Ensino Divulgação e Extensão em Neurociências da UFF) e de monitora no X Curso de Verão em Neurociências, realizado pelo Portal do Candidato da Olimpíada Brasileira de Neurociências (Brazilian Brain Bee). Tem como grande paixão a língua francesa, da qual é certificada com diplomas DELF A1, A2 e B2. Secretamente cinéfila, é vista nos momentos livres sempre maratonando filmes (principalmente aqueles que são sobre dança, sua arte favorita). No momento escreve para o Vitalismo e busca contribuir, diariamente, para o firmamento de uma psicologia diversa, sensível e inclusiva.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

Este artigo não possui comentários
      Deixe seu comentário

      O seu endereço de email não será publicado.