Mutismo Seletivo: O Silêncio da Ansiedade

Mutismo seletivo é um tipo de transtorno de ansiedade relacionado à fala.

Ele atinge principalmente crianças.

Logo, o mutismo seletivo em adultos é menos frequente.

Por conta dele, as crianças falham quando tentam se comunicar em diversas situações sociais.

Por exemplo, elas podem conversar normalmente em casa, com familiares próximos.

Mas não serem capazes de fazer isso com a mesma tranquilidade em seus ambientes escolares.

Você sabe por que isso acontece?

Neste artigo vou lhe apresentar as causas e as características principais do mutismo seletivo.

O que causa o mutismo seletivo?

As causas do mutismo seletivo ainda não são plenamente conhecidas, no entanto, alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento do transtorno, como:

  • Fatores temperamentais, como timidez, comportamento inibido e tendência a se isolar
  • Neuroticismo (traço de personalidade que inclui baixa estabilidade emocional)
  • Fatores genéticos, tais como histórico de casos de mutismo seletivo na família
  • Condições ambientais, ou seja, a forma como o ambiente em que a criança cresce é capaz de moldá-la (pais tímidos, pais superprotetores ou controladores)

É importante destacar que indivíduos com mutismo seletivo não têm a mudez como deficiência, ou seja, são falantes.

Nesse sentido, elas são capazes de conversar sem nenhuma dificuldade com pessoas que lhes trazem conforto.

Entretanto, o estresse que determinados ambientes podem gerar faz com que esses mesmos indivíduos se tornem incapazes de falar uma palavra sequer.

Quais características o mutismo seletivo infantil apresenta?

Atualmente, os critérios para diagnóstico do transtorno incluem os seguintes sintomas:

  • A criança sofre um fracasso na fala que gera um prejuízo em suas capacidades funcionais (comunicação social, desempenho escolar)
  • Tal fracasso tem duração de pelo menos um mês, mas em crianças deve-se ir além de períodos como o primeiro mês de escola, ou primeiro mês em uma casa nova (momentos naturalmente mais difíceis)
  • A dificuldade para falar não acontece por desconhecimento da língua, ou seja, a criança não está em um local que não fala sua língua materna

Além disso, a criança pode sofrer com:

  • Timidez excessiva e hábito de evitar qualquer situação que possa gerar constrangimento (1)
  • Retraimento social (isolamento)
  • Sensação forte de medo na presença de pessoas pouco conhecidas ou desconhecidas
  • Apego excessivo às pessoas com as quais consegue conversar
  • Ataques de birra

Quais as consequências do transtorno?

O mutismo pode interferir em vários ambientes que a criança frequenta.

Inclusive, tanto em tentativas de se comunicar com pessoas mais velhas, quanto com outras crianças.

A intensa ansiedade faz com que o indivíduo com o transtorno se torne incapaz de passar por muitas avaliações escolares.

Por exemplo, provas orais ou mesmo leituras em voz alta.

Por esse motivo, o diagnóstico de mutismo seletivo infantil costuma vir junto com outro diagnóstico: o de transtorno de ansiedade social (fobia social)

Além disso, sempre que podem, esses indivíduos acabam utilizando apenas meios não verbais para se comunicarem (apontam, escrevem o que querem falar).

Mutismo seletivo tem cura? Como tratar o transtorno?

O mutismo seletivo pode trazer uma frustração imensa para a criança e seus familiares.

Logo, é de extrema importância para o desenvolvimento pessoal e escolar que jovens com o transtorno recebam assistência médica adequada.

Os acompanhamentos psiquiátrico e psicológico são capazes de fornecer maneiras de lidar com a ansiedade e descobrir se existe algum outro transtorno associado.

Além disso, o apoio dos pais ou cuidadores faz toda a diferença.

Pois estimular o diálogo em casa funciona como uma preparação para outras situações sociais.

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(Autor)

Thays Alvaro é estudante de psicologia na Universidade Federal Fluminense (UFF). Atualmente no 5° período da graduação, já participou de diversas atividades extracurriculares ligadas à Neurociências, como a ocupação de palestrante no evento Escola com Ciência, promovido através do NuPEDEN UFF (Núcleo de Pesquisa, Ensino Divulgação e Extensão em Neurociências da UFF) e de monitora no X Curso de Verão em Neurociências, realizado pelo Portal do Candidato da Olimpíada Brasileira de Neurociências (Brazilian Brain Bee). Tem como grande paixão a língua francesa, da qual é certificada com diplomas DELF A1, A2 e B2. Secretamente cinéfila, é vista nos momentos livres sempre maratonando filmes (principalmente aqueles que são sobre dança, sua arte favorita). No momento escreve para o Vitalismo e busca contribuir, diariamente, para o firmamento de uma psicologia diversa, sensível e inclusiva.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

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