Carnes Vermelhas Podem Causar Câncer e Outras Doenças?

As carnes vermelhas são reconhecidas por serem boas fontes de proteína.

Assim como de vitamina B12 e outros nutrientes essenciais para o organismo.

Mas você sabia que existem algumas discussões polêmicas sobre o seu consumo? (1)

Já que alguns sugerem associações do consumo desse alimento com o desenvolvimento de algumas doenças graves, como o câncer (2).

Por outro lado, há argumentos apontando que as carnes vermelhas podem ter seus benefícios.

Sendo assim, neste artigo, veremos qual é o impacto da ingestão de carnes na saúde.

Além disso, saberemos também o porquê da relação desses alimentos com algumas doenças.

Mas antes disso, veja que carnes são essas.

Quais são as carnes vermelhas?

As carnes vermelhas são as que possuem como origem animais como boi, cordeiro, carneiro, porco, vitela e cabra (3). São consideradas vermelhas porque geralmente são desta cor quando estão cruas. Além disso, as carnes processadas também entram nesse grupo, como o salame, a salsicha e o bacon.

Agora que você conhece quais são elas, vamos entender sua relação com a saúde.

Carnes vermelhas e saúde

Ainda se discute bastante se a carne vermelha faz mal e se pode aumentar o risco de algumas doenças.

Isso porque costuma ser difícil diferenciar os efeitos que são exclusivos da carne vermelha daqueles que são por conta do restante da alimentação.

Em todo caso, as doenças que costumam associar ao seu consumo incluem:

  • Doenças cardiovasculares
  • AVC
  • Diabetes
  • Câncer (principalmente câncer colorretal)

Limitações de alguns tipos de estudos científicos

No entanto, muitos estudos científicos que relacionam o câncer e o consumo de carne, por exemplo, são do tipo observacionais, o que limita a possibilidade de tirar algumas conclusões (4).

Nesse sentido, só é possível fazermos associações (correlações), mas não há como comprovar se algum fator (no caso, a carne vermelha) é a causa do problema (5).

Para exemplificar, imagine que após um estudo observacional, seja possível notar que a maioria das pessoas que se envolvem em acidentes de trânsito são do sexo masculino.

Isso é uma conclusão apenas numérica: há mais homens do que mulheres nos acidentes de trânsito.

Ainda assim, essa observação, por si só, não permite concluir que homens são causas de acidentes de trânsito.

Afinal, isso poderia ser apenas uma consequência de existir uma proporção menor de mulheres dirigindo.

De qualquer modo, o intuito aqui é ilustrar que são necessários outros tipos de análises (que vão além de estudos do tipo ‘observacionais’) para concluir uma relação de causa e efeito.

Mas vamos voltar para a carne.

Carnes processadas

O consumo de carnes processadas (carnes modificadas por algum processo de fabricação, seja para preservá-las por mais tempo ou para melhorar o sabor) pode ter efeito negativo na saúde.

Justamente porque passaram por muito processamento, o que significa que possuem muita adição de aditivos.

Lembrando que aditivos são ingredientes, como os conservantes, os corantes e os realçadores de sabor, além de outros, que costumam fazer mal para a saúde.

Sendo assim, existem algumas evidências apontando a associação entre o consumo de carnes processadas, que têm como origem alguma carne vermelha, como bacon, salame ou salsicha (mas não exatamente de carnes vermelhas sem aditivos) com a doença arterial coronariana e a diabetes (6).

No entanto, há também estudos indo em oposição a esses resultados.

Carne vermelha pode não fazer mal

Há estudos com resultados que não mostraram que o consumo de carnes vermelhas poderia provocar o aumento de fatores, como colesterol ou pressão arterial, que levam ao maior risco para doenças cardiovasculares (7).

Sendo assim, é possível ver que existem ainda algumas discordâncias na literatura científica, ou seja, no conjunto de diferentes pesquisas já realizadas e publicadas ao longo da história.

Por fim, vale destacar que aqui estamos focando apenas nos efeitos da ingestão de carne e as suas consequências diretas na saúde física, sem discutir os impactos ao meio ambiente.

Benefícios

Um dos maiores benefícios é o fornecimento de vários nutrientes da carne vermelha, como (8):

  • Vitaminas do complexo B (B12, B3, B6)
  • Ferro
  • Zinco
  • Selênio
  • Retinol (Vitamina A)
  • Proteínas de alto valor biológico

Dessa forma, o consumo de carnes pode ajudar a evitar possíveis deficiências de vitaminas e minerais.

Com isso, consumir carnes vermelhas, principalmente magras, de forma moderada e dentro de uma alimentação adequada, ajuda a atingir níveis adequados desses nutrientes.

Especialmente se forem carnes orgânicas de animais que se alimentam com capim, por conta dos efeitos nutricionais diferenciados (9).

Além disso, o consumo em quantidade suficiente pode prevenir ou melhorar a desnutrição e a sarcopenia (perda de massa muscular) em idosos (10,11,12).

No entanto, vale ressaltar que esses benefícios não ocorrem pela ingestão de carnes processadas.

Mas sim, de carnes não processadas.

Uma outra questão que pode surgir é com relação aos veganos e vegetarianos, já que eles não consomem carnes.

Sendo assim, será que eles podem ter problemas de deficiência de nutrientes?

De modo geral, com o planejamento correto da alimentação, essas pessoas não irão apresentar deficiências nutricionais.

Entretanto, para que esses problemas não apareçam, é preciso também receber suplementação de vitamina B12, por exemplo.

Isso porque essa vitamina só está presente em alimentos de origem animal.

Portanto, se desejar retirar as carnes vermelhas da sua alimentação, o ideal é ter um acompanhamento de um nutricionista na área de veganismo e vegetarianismo.

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Nutricionista pela Faculdade de Ciências Aplicadas - Unicamp com curso de Abordagens comportamentais no Atendimento Nutricional e pós graduação em Aperfeiçoamento de Nutrição Esportiva e Obesidade pela Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

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