Vitalismo

Comportamento Alimentar: Por Que É Tão Difícil de Mudar?

comportamento alimentar

Você sabia que o comportamento alimentar começa a se desenvolver já na infância e que recebe a influência de diversos fatores?

Por exemplo, quando estão sob estresse (por motivos diversos, como trabalho ou conflitos na família), algumas pessoas podem consumir mais alimentos com muitas calorias (1).

Isso inclui a ingestão de alimentos como frituras, biscoitos ou bolachas e bolos.

Dessa forma, o estresse pode ser um dos fatores determinantes para as práticas alimentares.

Além do estresse, muitas outras influências também determinam as escolhas dos alimentos, as quais incluem:

Sendo assim, percebe-se que o comportamento alimentar é complexo.

Por isso, veremos neste artigo mais detalhes de como alguns desses fatores podem interferir na alimentação.

Além disso, também vamos entender porque pode ser tão difícil mudar o comportamento em relação aos hábitos alimentares.

Qual é a definição de comportamento alimentar?

O comportamento alimentar é um conceito amplo que envolve diversas questões sociais, culturais e psicológicas, tais como:

Sabendo disso, é possível entender que, para cada pessoa, a escolha e o consumo de alimentos podem ter motivações e significados muito diferentes.

Com isso, o desenvolvimento de práticas alimentares mais saudáveis depende da interação de todos os fatores que influenciam o comportamento alimentar.

Por isso, veremos a seguir como se desenvolve o comportamento alimentar.

O que determina o comportamento alimentar?

Fatores biológicos

Em princípio, alimentos mais saborosos parecem melhorar o humor por alguns mecanismos biológicos.

Com isso, a sensação de prazer seria uma forma de “recompensa” do cérebro, relacionada à dopamina, que é uma substância que envia sinais entre os neurônios (células do cérebro) (2).

E isso explicaria o consumo em excesso em certas situações.

Afinal, não é comum encontrar humanos que comem, além da quantidade necessária, alimentos com sabores menos agradáveis (3).

Além da “recompensa”, o corpo também precisa de energia para realizar suas funções vitais como a respiração, os batimentos do coração ou a atividade cerebral.

Ou também para realizar outras atividades como movimentos musculares voluntários para caminhar, fazer atividades físicas ou até mesmo conversar.

Portanto, é importante que ocorra um equilíbrio de energia entre as quantidades que já estão disponíveis no organismo e aquelas que ainda precisam ser obtidas pela alimentação (4).

Nesse sentido, existe a influência de alguns “mensageiros”, que se chamam hormônios, para ajudar a alcançar este equilíbrio.

Influência dos hormônios

O nosso corpo libera “hormônios da saciedade” e “hormônios da fome”.

Com isso, quando o organismo precisa de mais nutrientes, ele manda “sinais” por meio de “hormônios da fome” para que a pessoa se alimente.

E quando a pessoa está alimentada, os “hormônios da saciedade” servem como “sinais” para que ela pare de comer.

Como também antecipamos no início, o comportamento alimentar tem seu início ainda na infância, e se modifica ao longo do tempo (5).

Aliás, antes mesmo do nascimento, os bebês já conseguem reconhecer sabores e odores devido à dieta da mãe.

Após o nascimento, e durante o aleitamento materno, continua a ocorrer a exposição a sabores que são influenciados pela dieta da mãe (6).

No entanto, já se observa uma preferência dos bebês por sabores doces (7) e salgados.

Por outro lado, eles normalmente rejeitam o sabor amargo (8).

Mesmo assim, conforme ocorre a exposição aos alimentos com esse sabor, os bebês passam a aceitá-los melhor.

Por isso, é importante oferecer alimentos variados e nutritivos nas fases seguintes à amamentação e, possivelmente, ao longo de toda infância (9).

Visto que as crianças que estão no início da primeira infância aceitam melhor os alimentos quando comparadas com as crianças em idade pré-escolar (a partir dos 4 anos).

Veja agora como os pais podem modular (ou influenciar) o comportamento da criança em relação à comida.

Fatores familiares

Além da base biológica, a forma como uma criança se alimenta também pode determinar o comportamento alimentar delas.

Por exemplo, se a refeição ocorre quando está sentada na cadeira, nos braços dos pais ou permitindo que ela ande ao redor da mesa ou assista à televisão.

Portanto, o controle dos pais sobre a alimentação dos filhos também têm influência.

Isso significa que desequilíbrios nas proibições ou permissões podem aumentar os riscos de:

Outro recurso que os pais poderiam utilizar são as técnicas de recompensa para que os filhos comam mais ‘alimentos saudáveis’.

Entretanto, isso pode não ser benéfico porque as crianças passam a rejeitar ainda mais esses ‘alimentos saudáveis’.

Por fim, vale observar também que os hábitos alimentares dos pais também podem influenciar no desenvolvimento do peso de crianças (10).

Fatores sociais

Além das influências familiares, o ambiente social também tem papel importante no desenvolvimento alimentar.

Ou seja, dependendo do ambiente em que as crianças se encontram, elas podem mudar suas escolhas alimentares.

Por exemplo, uma criança pode mudar suas preferências ao ver que um de seus colegas escolheu determinados alimentos (11).

Dessa forma, o comportamento alimentar pode se modificar ao longo da vida, 

Afinal, diferentes fatores continuam interferindo na alimentação, inclusive na fase adulta, ainda que sejam de formas diferentes.

Alguns comportamentos podem permanecer por muito tempo e outros se modificam mais rapidamente.

Portanto, para se ter uma vida com mais saúde, basta identificar quais não estão sendo saudáveis e mudá-los, certo?

Não é tão simples como muitos podem pensar. Pois é muito comum que várias pessoas tenham dificuldade em se manter consistentes após a tentativa de mudança de hábitos alimentares.

Por que é difícil mudar o comportamento alimentar?

Para muitas pessoas, mudar o comportamento alimentar deve ser apenas uma questão de motivação.

E o que elas querem dizer com isso?

Que a pessoa que está motivada vai conseguir mudar o seu padrão alimentar, enquanto que aquela que está sem motivação, não.

No entanto, diante de tudo o que explicamos até aqui, não deve ser surpreendente saber que não é um processo fácil.

Já que existe uma grande variedade de razões pelas quais a mudança desse comportamento pode ser complicada.

Por isso, ainda que muitas pessoas tentem melhorar a alimentação, ainda são poucas que conseguem chegar no objetivo.

Pois as explicações para o insucesso podem ter origem no modo como se vivenciou a infância.

Ao longo da vida, pressões que envolvem um padrão corporal de maior aceitação social podem dificultar a mudança.

Além disso, ao ouvirem que falta força de vontade, elas podem desenvolver o sentimento de culpa pelo “fracasso”.

Nesse sentido, considerar que a falta de resultado é exclusivamente por falta de motivação, seria desconsiderar todo o contexto de vida de uma pessoa.

Por exemplo, vejamos o caso de uma pessoa que vive em um ambiente em que a disponibilidade de alimentos ultraprocessados (que são menos saudáveis) é maior.

Para ela, é mais fácil comprar esses alimentos por já estarem prontos para consumo, em vez de alimentos mais saudáveis.

Isso dificulta a mudança do comportamento.

Nesse sentido, não se trata apenas de falta de vontade ou motivação.

Além disso, a forma como uma pessoa se relaciona com a comida pode ser muito importante para o comportamento dela.

Já que a alimentação deve ser prazerosa e equilibrada. 

E não cheia de culpa. 

Como acaba sendo o caso de muitos que consomem, de vez em quando, um alimento visto como “ruim” para a saúde.

Considerações finais

Sendo assim, mudar o comportamento alimentar deve envolver uma série de estratégias.

Desde o aprendizado sobre as opções mais saudáveis e que estejam acessíveis para cada contexto de vida.

Até mesmo um plano de transição que, dependendo do caso, pode contar com apoio de profissionais de saúde como nutricionistas, médicos ou psicólogos.