Dieta Restritiva: Ajuda na Perda de Peso? Faz Bem pra Saúde?

Muitas pessoas recorrem à dieta restritiva como forma de perder peso rapidamente.

Mas pesquisas sobre restrições alimentares vêm demonstrando que isso pode não ser efetivo a longo prazo.

Ou seja, essas pessoas podem recuperar todo o peso perdido ou até ganhar ainda mais peso.

E afinal, por que isso acontece?

Isso ocorre porque o controle do peso depende de diversos fatores, os quais incluem:

  • Mecanismos fisiológicos (do funcionamento de seu corpo)
  • Comportamentos alimentares
  • Fatores genéticos
  • Fatores ambientais
  • História familiar
  • Fatores emocionais

Dessa forma, uma dieta restritiva pode alterar o funcionamento do organismo.

Por isso, veremos quais são as alterações fisiológicas no organismo quando ocorre grande perda de peso.

Também veremos como as restrições alimentares podem afetar a mente.

Perigos da dieta restritiva

A dieta restritiva contribui para oscilações no peso e para o desenvolvimento de comportamentos alimentares negativos. Além disso, outro problema que também vem sendo identificado são as alterações hormonais, de forma que a liberação dos hormônios envolvidos no controle da fome e da saciedade podem causar desequilíbrios, aumentando ainda mais o apetite. 

Tais hormônios incluem:

  • Leptina
  • Peptídeo YY
  • Colecistocinina
  • Peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1)
  • Polipeptídeo pancreático
  • Amilina
  • Peptídeo inibidor gástrico
  • Grelina

A grelina é conhecida por ser um “hormônio da fome”.

Então, quando o estômago está vazio, ela atua no cérebro mandando um sinal (“uma mensagem”) para você se alimentar, ou seja, ela vai estimular a ingestão de alimentos.

Já o peptídeo inibidor gástrico pode estimular o armazenamento de energia no organismo.

De modo geral, os outros hormônios inibem a ingestão de mais alimentos, então são responsáveis por “mandar a mensagem” de saciedade. 

Assim, o organismo saudável mantém as taxas desses hormônios equilibradas.

Isso ajuda a manter o peso corporal adequado, através do controle do apetite.

Sendo assim, quando há uma perda de peso considerável induzida por uma dieta restritiva, pode ocorrer um problema.

A homeostase do organismo pode se desajustar.

E o que isso quer dizer?

Isso significa que a estabilidade ou o equilíbrio interno do corpo pode ficar prejudicada.

Ou seja, a perda de peso pode resultar em redução rápida de alguns hormônios responsáveis pela saciedade, como a leptina, peptídeo YY e colecistocinina.

O que faz aumentar o apetite.

Além disso, pode reduzir o gasto energético, portanto, reservas de energia como os tecidos adiposos (“gorduras”) se acumulam.

Outro efeito observado também é o aumento da grelina (“hormônio da fome”).

E todos esses resultados encontrados nos níveis de hormônios podem ainda permanecer por cerca de 12 meses, em obesos que tiveram perda de peso (1).

Portanto, esse é um dos motivos pelos quais pode ocorrer reganho de peso, levando ao que se chama de “efeito sanfona”.

Dieta restritiva e comportamento alimentar

Além de perturbações fisiológicas (do funcionamento do corpo) que podem aparecer, o regime alimentar também pode levar a mudanças comportamentais.

Isto é, uma pessoa pode apresentar comportamentos que a colocam num ciclo vicioso das dietas.

Primeiro vem a restrição, na qual muitos alimentos deixam de ser consumidos.

No entanto, isso só faz aumentar a vontade de comer, levando-a a cometer exageros.

Em seguida, por pensar que já comeu demais, ela passa a se alimentar ainda mais até não conseguir aguentar.

O que leva ao sentimento de culpa.

Com isso, seu comportamento passa a ser o de iniciar uma nova dieta restritiva.

Além de todo esse ciclo vicioso, há outras alterações chamadas de “adaptações metabólicas” que podem ocorrer.

Elas fazem o metabolismo diminuir sua atividade para não perder mais peso.

Isso significa que a taxa metabólica basal (que é a energia mínima necessária que se gasta para manter o organismo funcionando em estado de repouso) se reduz, dificultando a manutenção da perda de peso.

E essas “adaptações metabólicas” persistem ao longo do tempo (2).

Além desses problemas, esse tipo de alimentação pode trazer um maior risco de desenvolver um quadro de compulsão alimentar, quando ocorrem exageros no consumo de alimentos (3,4).

Conclusões sobre regime alimentar

  • Restrições alimentares podem induzir a alterações hormonais que aumentam o apetite
  • Podem ocorrer mudanças comportamentais sobre a alimentação
  • Transtornos alimentares também podem surgir, como a compulsão alimentar
  • A taxa metabólica basal pode se reduzir e persistir com o tempo, o que dificulta a manutenção da perda de peso
  • Uma grande parcela de pessoas não conseguem permanecer com dieta restritiva para emagrecer

Com isso, percebe-se que perder peso não é uma questão de força de vontade simplesmente.

Isto é, existem vários fatores que podem dificultar esse processo.

Por isso, não parece adequado iniciar uma dieta cheia de regras e proibições, visto que uma dieta restritiva pode impactar negativamente a saúde.

Portanto, torna-se importante contar com apoio de profissionais da área de saúde.

Por exemplo, consultar um nutricionista poderá ajudar a estabelecer um plano alimentar eficaz e saudável para perda de peso.

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Nutricionista pela Faculdade de Ciências Aplicadas - Unicamp com curso de Abordagens comportamentais no Atendimento Nutricional e pós graduação em Aperfeiçoamento de Nutrição Esportiva e Obesidade pela Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

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