Anemia Falciforme: O Que É, Causa, Crises e Complicações

A anemia falciforme é um tipo de anemia que afeta quase exclusivamente pessoas negras.

Como ela tem origem genética, ela passa de pais para filhos.

Outro fato é que ela pode variar em intensidade dos sintomas.

Além disso, a anemia falciforme pode se manifestar em crises e pode causar dor intensa, infartos e até a morte.

O que é anemia falciforme?

A anemia falciforme é um tipo de anemia em que possui uma alteração da hemoglobina (Hb), a proteína que carrega o oxigênio dentro das células vermelhas do sangue (hemácias). Enquanto a hemoglobina normal do adulto é a Hb A, a hemoglobina anormal da doença falciforme é chamada de Hb S (do inglês “sickle”, que quer dizer “foice”).

A Hb S deforma as hemácias, que deveriam ter forma de disco mas passam a ter forma de foice ou meia-lua.

Além disso, as hemácias ficam menos flexíveis, o que faz com que:

  • Elas quebrem mais facilmente dentro dos vasos. Essa quebra precoce de glóbulos vermelhos se chama hemólise e é responsável pelo quadro de anemia – faltam hemácias para transportar oxigênio
  • Elas grudem nas paredes de pequenos vasos, entupindo-os. Isso pode causar diminuição ou interrupção do fluxo de sangue, o que, por sua vez, causa episódios de dor intensa

O que causa a anemia falciforme?

Todas as pessoas herdam dois genes dos pais.

Se os dois forem genes falciformes, a criança terá a doença (1). Mas, se apenas um deles for anormal, a criança terá o traço falciforme (2), uma forma incompleta da doença em que as hemácias não são tão frágeis.

Pessoas apenas com o traço têm risco maior de algumas complicações, como a doença renal crônica e a embolia pulmonar, além de poderem ter sangue na urina, mas não têm crises de dor e nem anemia.

Sintomas de crises de anemia falciforme

Os portadores da doença estão sujeitos à ocorrência de crises vaso-oclusivas (3, 4), isto é, de entupimento de vasos sanguíneos (“tubo” por onde há passagem de sangue).

Eventos que diminuam a quantidade de oxigênio disponível no sangue ou que aumentem a necessidade do corpo por oxigênio podem causar uma crise. Por exemplo: exercício físico muito intenso, estar em localização de grande altitude ou uma infecção.

A crise falciforme é uma piora da anemia, com dor intensa (no abdome ou ossos dos braços e pernas), febre e até falta de ar. Oferece risco de infarto de órgãos como rins, baço e pulmão.

Além disso, as crises de dor podem ainda ser acompanhadas por:

  • Crise aplásica – quando a medula óssea diminui ou para a produção de hemácias durante a infecção por alguns vírus
  • Síndrome torácica aguda – quando entopem vasos dos pulmões; é uma causa importante de morte
  • Sequestro hepático – células do sangue ficam presas no fígado, fazendo-o aumentar de tamanho rapidamente e piorando a anemia

Complicações

As hemácias alteradas de uma pessoa nesse tipo de anemia ficam aprisionadas no baço desde a infância. Isso faz com que o órgão chegue à idade adulta lesionado e encolhido (atrofiado).

Uma vez que o baço ajuda a combater infecções, essas pessoas estão em risco aumentado de doenças como pneumonia pneumocóccica (causada por uma bactéria) e infecções (5) por vírus.

Além disso, a hemólise libera um pigmento das hemácias que pode cristalizar e formar cálculos biliares (pedras na vesícula) com maior frequência.

O coração também sofre com o quadro de anemia, ficando sobrecarregado e podendo evoluir para insuficiência cardíaca.

Por fim, a ocorrência de várias crises vaso-oclusivas de anemia falciforme pode causar deformidades nos ossos durante o crescimento.

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(Autor)

Olá! Meu nome é Gabriel Braga Villa e tenho 26 anos. Sou estudante do quinto ano de Medicina na UNESP Botucatu. Batalhei bastante para entrar na faculdade, fiz quatro anos de cursinho pré-vestibular depois de me formar no colégio. Hoje amo estudar saúde e as duas coisas que mais me movem na área são: acolher quem precisa de ajuda e espalhar conhecimento para que as pessoas possam viver com mais qualidade. Além da medicina, também amo todos os tipos de esportes. Jogo basquete e pratico corrida há 10 anos -- são as atividades que mais relaxam meu corpo e minha mente. Inclusive, acredito no exercício físico, no esporte e em um estilo de vida ativo como ferramentas de promoção de saúde, uma vez que podem participar da prevenção e da cura de diversas doenças, além de poder aumentar a qualidade de vida de qualquer pessoa. Por fim, sou fiel à ciência e ao método científico e, neste projeto, meu objetivo é contribuir para a saúde e o bem-estar dos leitores do Vitalismo.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

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