Artrite Reumatoide: É de Origem Genética? Existe Cura?

Cerca de 1% da população mundial possui artrite reumatoide (AR) (1), o que faz dela uma doença bastante comum.

No entanto, os motivos para se desenvolver a doença ainda não são totalmente compreendidos (2).

O que se sabe é que existe uma grande influência da genética familiar para se ter a doença.

A AR tem um grande potencial incapacitante, ou seja, de causar dores e destruição das articulações a ponto de interferir nas atividades diárias.

Contudo, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem mudar o curso da artrite reumatoide.

Vamos conhecer mais sobre esta condição?

O que é a artrite reumatoide?

A artrite reumatoide é uma doença crônica com inflamação sistêmica, ou seja, atinge vários tecidos e órgãos, mas, principalmente, as articulações e ossos. Esta inflamação tem origem autoimune, ou seja, as células de defesa do seu corpo atacam as suas próprias articulações e outros tecidos, causando a inflamação.

Conforme a doença progride pode haver endurecimento (anquilose) e destruição da cartilagem das articulações.

Além disso, podem ocorrer lesões na pele, coração, vasos sanguíneos e pulmões, já que a inflamação não se limita apenas às articulações.

Quais as causas da artrite reumatoide?

Assim como as demais doenças autoimunes, o desenvolvimento da AR está ligado à predisposição genética associada a fatores ambientais.

Junto a isso, fatores ambientais como, por exemplo, infecções ou tabagismo, parecem causar algum estímulo para a produção de autoanticorpos.

Assim, ocorre uma resposta imune contra os tecidos do próprio corpo, especialmente das articulações.

Essa resposta imune que gera então a destruição da cartilagem articular e do osso, resultando no endurecimento das articulações e fibrose (“cicatrização” que altera a estrutura do local afetado).

Fator de risco

Uma vez que a artrite reumatoide é uma doença com grande influência genética, o principal fator de risco é o histórico familiar na doença.

Assim, pessoas que possuem pais, irmãos ou avós com a doença têm maior chance de desenvolver AR.

Além disso, o tabagismo também entra como um relevante fator de risco ambiental.

Por exemplo, em gêmeos, quem fuma acaba tendo um risco ainda maior de ter a doença.

Sintomas da artrite reumatoide

Primeiramente, é importante ressaltar que o padrão dos sintomas é bastante variável (3).

Costuma ser persistente e progressiva a atividade da doença, porém com intensidades que, ora aumentam (período de “crises”), ora diminuem (período de remissão).

Cerca de metade das pessoas com AR têm a doença com um início lento e sintomas leves de mal-estar, cansaço e dores musculares em todo corpo.

Após várias semanas é que os sintomas articulares tendem a aparecer. 

Surgem normalmente tanto do lado esquerdo quanto do direito.

As articulações mais afetadas (4) são as de dimensões menores como as que ligam os dedos à mão e ao pé. Com o tempo, outras regiões como o punho, o tornozelo, o joelho, o ombro e até mesmo a coluna cervical (pescoço) podem sofrer com a doença.

As articulações inflamadas geralmente apresentam:

  • Inchaço
  • Aumento de temperatura
  • Dor
  • Enrijecimento após algumas horas de sono ou inatividade (sendo muito comum pela manhã)

É possível haver aumento progressivo das articulações e diminuição da amplitude de movimento, até o enrijecimento completo.

Além da artrite, pode ocorrer também inflamação nos tendões, ligamentos e nos músculos próximos da articulação.

Essa inflamação gera deformidades nos dedos das mãos e no punho, deixando o conjunto sem estabilidade e com quase nenhuma amplitude de movimento.

Atrás dos joelhos podem ainda surgir grandes cistos sinoviais (5).

Além disso, sintomas como febre, perda de apetite, perda de peso e até depressão podem surgir, a depender da gravidade.

Por fim, vale lembrar que outros órgãos (além das articulações) também podem ser envolvidos nesta doença, de modo que diversos sintomas diferentes podem surgir.

Como exemplo, pode-se prejudicar os seguintes órgãos:

  • Vasos sanguíneos
  • Medula espinhal
  • Olhos
  • Pulmão (6)
  • Coração
  • Rins
  • Pele
  • Tecidos que produzem células do sangue
  • Órgãos produtores de hormônios

Tratamento para AR

O tratamento da AR (7) visa aliviar a dor e a inflamação e adiar ou evitar a destruição das articulações.

Isso é feito com o uso de corticoides (diminuem a resposta imune). 

Além disso, iniciar de maneira mais precoce possível o uso de DMARD (que são drogas “anti-reumáticas” que modificam o curso da doença de modo favorável) tende a trazer melhores resultados.

Um exemplo que se usa muito de DMARD é o metotrexato. 

Também podem ser prescritos, em combinação com o metotrexato, agentes anti-TNF (que são anticorpos que ajudam a evitar a ação pró-inflamatória do TNF).

O tratamento pode melhorar muito o curso da doença. No entanto, não existe cura para artrite reumatoide. Portanto, os pacientes mantêm o tratamento durante toda a vida para evitar crises da doença.

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(Autor)

Como graduando do curso de Medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) e escritor do Vitalismo tenho como propósito trazer informações sobre saúde de qualidade e baseadas em evidências científicas com uma linguagem de fácil acesso para toda a população. Ingressei no curso de Medicina em 2018 por vocação e amor ao cuidado. Agora tenho a oportunidade de levar essa minha paixão para todos leitores do Vitalismo. Além disso, sou fundador da Liga de Empreendedorismo, Gestão e Inovação da UNESP e atualmente sou coordenador da Liga de Ortopedia de Botucatu.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

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