Blefaroplastia: O Excesso de Pele na Pálpebra te Incomoda?

Você já ouviu falar na blefaroplastia?

Trata-se de um procedimento cirúrgico com fins estéticos para a região dos olhos.

Mas afinal, como é feita a cirurgia de blefaroplastia?

Para responder essas e outras perguntas, convidamos a Dra. Amanda Sanchez para uma entrevista.

Amanda é médica oftalmologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) que atua principalmente em casos de catarata, cirurgia refrativa e plástica ocular.

O que é a blefaroplastia e para que ela serve?

Blefaro significa pálpebra e plastia significa plástica. Assim, a blefaroplastia é a cirurgia plástica nas pálpebras. De modo geral, serve para diminuir o excesso de pele na região das pálpebras (superiores ou inferiores) ou diminuir as bolsas de gordura na parte inferior dos olhos.

Existe algum benefício além do estético na cirurgia de blefaroplastia?

Geralmente, a maioria dos casos acaba sendo um procedimento unicamente estético.

Ou seja, os pacientes fazem essa cirurgia mesmo que o campo visual não esteja prejudicado pelo excesso de pele.

No entanto, existem casos em que há tanto excesso de pele que o eixo visual acaba prejudicado.

Então nesses casos, a blefaroplastia também tem um ganho funcional.

Como a blefaroplastia é feita?

A cirurgia básica consiste na remoção de sobras de pele e remoção ou reposicionamento das bolsas de gordura.

No entanto, é uma cirurgia muito individualizada, ou seja, depende muito de cada paciente.

Isso porque cada pessoa tem um formato de olho, tamanho de pálpebra e quantidade de pele que está sobrando.

Então o procedimento não é igual de uma pessoa para a outra.

Em alguns casos, é necessário uma blefaroplastia estruturada, por exemplo.

Nesses casos, além da flacidez na pele, há flacidez nos tendões que ligam a pálpebra na órbita (parte óssea ao redor do olho).

Então é preciso realizar o procedimento estruturado para manter a pálpebra menos flácida e melhor posicionada.

O paciente pode escolher como vai ficar o formato do olho?

Antes de mais nada, é importante ressaltar que há uma conversa entre o médico e o paciente sobre quais são as expectativas quanto a essa cirurgia. Não é algo que fica totalmente a critério do paciente.

Isso porque é preciso analisar o que é de fato possível.

Além disso, vai depender muito de profissional para profissional. Alguns, como eu, tendem a seguir uma abordagem mais natural e respeitar as características naturais do formato do olho de cada pessoa, por exemplo.

Por fim, mudanças muito bruscas na aparência do olho podem dar um resultado muito artificial.

O que pode tornar a blefaroplastia mais complexa?

O procedimento vai ter sua complexidade baseado em alguns parâmetros, por exemplo:

  • Quantidade de pele a ser removida
  • Presença ou não de bolsas de gordura
  • Presença de flacidez nos tendões

Além disso, também é preciso analisar a posição do supercílio (sobrancelha).

Isso porque, em alguns casos, o paciente pode ter a impressão de que tem pele sobrando mas na verdade é a sobrancelha que está muito baixa.

Na consulta pré-operatória são feitas análises e medições das pálpebras superiores, inferiores e supercílios.

Em alguns casos é necessário realizar além da blefaroplastia, um reposicionamento da sobrancelha para ter um melhor resultado.

Qual médico que realiza a blefaroplastia?

Para um maior cuidado com os olhos, minha recomendação é que o paciente procure um médico oftalmologista que tenha especialização em plástica ocular.

Médicos cirurgiões especialistas em cirurgia plástica também podem fazer esse procedimento.

Quanto tempo dura a cirurgia?

O tempo vai depender de alguns fatores, por exemplo:

  • Quantidade de pálpebras a serem operadas (duas ou quatro)
  • Se é preciso ou não retirar ou reposicionar gordura

Em média, a blefaroplastia simples pode levar até uma hora e, se for mais complexa, pode chegar até duas horas e meia.

Quais são os riscos da blefaroplastia?

Com relação a erros técnicos do procedimento, o risco é de retirar mais pele do que o necessário.

Isso porque a pálpebra tem a função de ser móvel e para isso, é necessário ter sobra de pele para que o movimento de abrir e fechar aconteça.

Ou seja, quando se retira uma quantidade excessiva de pele, o paciente pode não conseguir fechar os olhos completamente.

Isso pode acarretar em ressecamento ocular e ceratite.

A ceratite é um machucado na superfície da córnea que pode causar, por exemplo:

  • Embaçamento da visão
  • Desconforto
  • Lacrimejamento
  • Irritação

E, em casos graves, quando a córnea não está íntegra, pode ocorrer infecção por micro-organismos como bactérias e fungos, que causam úlcera de córnea.

Por fim, é importante lembrar que, dependendo do tamanho da cirurgia e de características do próprio paciente, o procedimento pode deixar inchaços e manchas roxas temporárias.

Quanto tempo de recuperação depois da cirurgia?

A recuperação estética, ou seja, o desaparecimento dos hematomas e do inchaço costuma demorar um pouco.

Por isso, é recomendável operar com antecedência mínima de um mês de algum evento importante.

Em média, as manchas roxas somem depois de 14 dias.

Porém, o inchaço pode demorar mais pois vai sendo absorvido aos poucos pelo organismo.

Assim, o resultado estético final leva entre 3 a 6 meses.

Já em relação às atividades do dia a dia, em cerca de 4 a 5 dias já é possível retomar a rotina.

Isso porque o repouso indicado é o repouso relativo, ou seja:

  • Não realizar tarefas de alto esforço
  • Não pegar peso
  • Evitar mergulhar em mares ou piscinas
  • Não mexer com jardinagem

Para pacientes que trabalham com atividades que exijam muito esforço, a recomendação de repouso pode ser estendida.

Existe idade certa para fazer a blefaroplastia?

Antes de mais nada, é importante ressaltar que não existe idade certa para realizar essa cirurgia.

Na verdade, o mais importante é a indicação correta.

Como quanto maior é a idade, maior a probabilidade de haver flacidez na pálpebra, por isso na maioria dos casos a cirurgia é feita em pacientes a partir dos 50 anos.

No entanto, alguns pacientes mais jovens podem ter tendência genética à flacidez e podem realizar o procedimento independentemente da idade.

Como saber se eu preciso ou não fazer a blefaroplastia?

Por ser uma cirurgia estética, só é indicada se o excesso de pele for incômodo pra você.

Mesmo que você tenha esse excesso, se ele não te incomoda o procedimento não é necessário.

Alguns sinais que podem demonstrar incômodo pela sobra de pele são, por exemplo:

  • Sensação de peso na pálpebra
  • Sombreamento da visão
  • Ao usar maquiagem nos olhos, sentir que “não há espaço” para aplicar sombra para olhos e assim, a maquiagem ficar escondida por baixo da pele
  • Olhar cansado pelas bolsas de gordura

Se algum desses sinais te incomoda, é interessante fazer uma avaliação com um profissional para descobrir se há indicação para realizar essa cirurgia.

Quantas vezes a blefaroplastia pode ser feita?

Não existe número máximo para realizar esse procedimento.

A indicação de repetir o procedimento vai depender de haver novo excesso de pele.

Em raros casos, pacientes podem voltar a ter flacidez após muitos anos da cirurgia anterior e então repetir o procedimento.

Para evitar a flacidez, é recomendável usar óculos de proteção solar e evitar coçar os olhos.

Existe alguma contraindicação para a blefaroplastia?

Por se tratar de uma cirurgia eletiva, ou seja, não há emergência, ela só é realizada em condições de grande segurança.

Ou seja, qualquer situação clínica que não esteja controlada é uma contraindicação.

Por exemplo: pressão alta ou diabetes descompensados.

Qual é a anestesia usada nesse procedimento?

Para essa cirurgia, usa-se a associação da anestesia local com a sedação.

A sedação é feita na veia por um médico anestesista e serve para que o paciente durma.

Já a anestesia local é aplicada na pálpebra para tirar a sensibilidade a dor daquela região.

Por ser necessária a sedação para realizar a blefaroplastia, é importante que o paciente traga um acompanhante.

Por fim, no pós operatório é importante seguir as seguintes recomendações:

  • Respeitar o repouso relativo
  • Compressas geladas
  • Não se expor ao sol
  • Usar os medicamentos prescritos (colírio lubrificante, pomada com antibiótico, analgésico, etc.)
Este artigo te ajudou?

Natural de São Paulo, capital, Dra. Amanda Sanchez é formada pela Faculdade de Medicina da USP, onde também realizou a residência médica em Oftalmologia e a especialização em plástica ocular e cirurgia refrativa. Participou de inúmeros congressos e fez estágio na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Atualmente atua em sua própria clínica no bairro da Vila Leopoldina.

1 Comentário
  1. Avatar

    Rafael

    4 de março de 2022 às 17:38

    Bacana!

    Responder
    Deixe seu comentário

    O seu endereço de email não será publicado.