Cirurgia Refrativa: Solução Para Miopia e Astigmatismo?

A cirurgia refrativa pode ser a solução para se ver livre dos óculos e lentes de contato

Isso porque se trata de uma técnica cirúrgica que utiliza laser para tratamento de algumas doenças oftalmológicas como miopia e astigmatismo.

Para entendermos mais sobre a cirurgia refrativa, convidamos a Dra. Amanda Sanchez para uma entrevista.

Amanda é médica oftalmologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) que atua principalmente em casos de catarata, cirurgia refrativa e plástica ocular.

Para quem é a cirurgia refrativa?

A cirurgia refrativa é feita para correção de grau. Portanto, é para pacientes que tenham doenças como miopia, astigmatismo e hipermetropia e que, por isso, usam óculos ou lente de contato.

De modo geral, é indicada para pacientes que vão ter benefícios em se ver livre da dependência dos óculos e lentes.

No entanto, crianças e jovens menores de 18 anos não podem realizar a operação.

Portanto, costuma ser feita em pacientes a partir dos 21 anos até os 40 anos de idade.

Como posso saber se eu posso fazer a cirurgia refrativa?

Antes da operação, é preciso verificar alguns critérios, por exemplo

Grau estável: isso porque se o grau estiver variando fica mais difícil prever qual vai ser a correção necessária.

Em consequência disso, existem chances do paciente não ter uma redução adequada do grau ou de operar e o grau voltar.

Além disso, outro critério avaliado são as características dos olhos.

Ou seja, a espessura, formato e curvatura da córnea.

Por fim, para saber se um paciente é candidato para essa cirurgia, é preciso fazer consultas com o oftalmologista e alguns exames complementares.

Existem riscos para a cirurgia refrativa?

Antes de mais nada, é importante dizer que qualquer cirurgia tem riscos, ou seja, não existe nenhum procedimento que seja livre de riscos.

Porém, o que se busca é o maior benefício possível com o menor risco possível.

Alguns riscos que da cirurgia refrativa são, por exemplo:

  • Operar e não zerar (consertar) o grau
  • Operar e o grau voltar
  • Risco de infecções
  • Cicatrização anormal da córnea

Por isso, é importante fazer a consulta pré-operatória com objetivo de avaliar quais os pacientes terão o menor risco possível e que provavelmente terão um bom resultado após a cirurgia.

Quem não pode fazer a cirurgia refrativa?

  • Crianças e jovens menores de 18 anos
  • Pessoas que tenham outras doenças oculares como glaucoma avançado
  • Pacientes que tenham alterações na córnea, por exemplo: córnea muito curva (ceratocone) ou muito fina
  • Pessoas com o grau muito alto, isso porque existe um limite do quanto conseguimos consumir da córnea com o laser.

Qual o tempo de recuperação para quem faz essa cirurgia? O que ela pode sentir nos primeiros dias depois do procedimento?

A recuperação costuma ser bem rápida, então em alguns poucos dias a pessoa já consegue retomar suas atividades habituais.

Os principais sintomas são:

  • Sensação de areia nos olhos
  • Lacrimejamento
  • Ardência nos olhos
  • Sensibilidade à luz

Porém, isso varia de pessoa para pessoa e depende do limiar de cada um e também varia de acordo com a técnica que foi escolhida.

Isso porque, atualmente existem 2 técnicas que são utilizadas na correção do grau a laser.

Ambas atuam na córnea mas a forma como se faz o preparo para a aplicação do laser é um pouco diferente.

Quais são essas duas técnicas para correção do grau a laser e suas vantagens e desvantagens?

Técnica PRK

Também pode ser chamada de superfície.

Tem a vantagem de afetar menos a estrutura da córnea então é a melhor opção para pacientes que tenham um grau mais alto ou uma espessura corneana mais fina.

Além disso, o valor dessa técnica costuma ser um pouco menor em relação a outra.

A desvantagem é que, a curto prazo, a recuperação dessa é mais lenta.

Ou seja, o paciente que realiza a técnica PRK pode apresentar mais desconforto e sensibilidade à luz.

Técnica LASIK

Essa é uma técnica cirurgica onde se faz um pequeno corte para abrir a córnea como se fosse a “tampinha” de uma laranja para poder aplicar o laser.

Diferente da anterior, essa técnica utiliza 2 lasers: o que vai fazer a correção de grau (que é semelhante à tecnica PRK) e também o laser femtossegundo que faz o corte.

Por isso, ela acaba sendo um pouco mais cara que a técnica PRK.

Além disso, altera mais a biomecânica e estrutura da córnea.

A principal vantagem é a recuperação mais rápida, ou seja, a visão tende a estabilizar mais rapidamente.

A técnica LASIK também tem melhor resultado para alguns tipos de grau como o de altas hipermetropias.

Por fim, é importante dizer que não é que uma técnica seja boa e a outra seja ruim.

Pelo contrário, as duas técnicas são ótimas e tem suas melhores indicações.

Por isso é importante ter a avaliação médica antes para determinar qual das técnicas pode ser feita e quais são as vantagens que você e seu médico vão querer priorizar.

Quais as chances da cirurgia refrativa dar errado?

As chances são muito baixas se tudo for feito corretamente.

Ou seja, depende da indicação correta, da melhor técnica para cada paciente, de seguir corretamente as orientações no pós-operatório.

Quais são os cuidados gerais no pós-operatório?

  • Uso correto das medicações prescritas
  • Fazer os retornos agendados no período correto para que sejam feitas as avaliações e exames necessários
  • Evitar exposição ao sol
  • Evitar atividades que possam aumentar o risco de contaminação, por exemplo: mergulhar em piscina ou mar, mexer com terra, poeira (coisas que possam levar algum micro-organismo ao olho)
  • Para pessoas que fizeram a técnica LASIK é importante evitar esportes de contato como as lutas

Qual a importância do colírio para o pós-operatório?

O colírio utilizado na primeira semana após a cirurgia em ambas as técnicas contém antibiótico.

Ou seja, serve para prevenir infecções no local da operação.

Além disso, tem anti inflamatório hormonal (corticoide) associado para conter inflamações.

Para as duas técnicas, costumo passar um colírio lubrificante porque é comum que haja um ressecamento do olho logo após a cirurgia.

Por fim, para quem faz PRK, é comum o uso do colírio anti inflamatório não hormonal.

Quem já fez a cirurgia pode ter que fazer de novo?

Pode, chamamos de regressão o retorno do grau em uma pessoa que já realizou a cirurgia.

Por exemplo: uma pessoa que apresentava 2 graus de miopia e após a cirurgia refrativa parou de usar óculos mas voltou a apresentar 1 grau de miopia.

Nesses casos é preciso reavaliar pois alguns pacientes podem refazer a cirurgia (chamada de retoque) e alguns pacientes não vão poder.

Isso vai depender de uma série de avaliações e exames, por exemplo: se o formato e espessura da córnea continua sendo favorável para uma nova cirurgia ou não.

Qual grau que o convênio cobre?

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determina que o convênio deve cobrir pacientes que tenham:

  • Entre 5 e 10 graus de miopia (com ou sem astigmatismo de até 4 graus)
  • Até 6 graus de hipermetropia (com ou sem astigmatismo de até 4 graus)

Além disso, se um dos olhos cumprir esses requisitos, o convênio tem que cobrir a cirurgia para os dois olhos mesmo que o outro não apresente os requisitos mínimos.

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Natural de São Paulo, capital, Dra. Amanda Sanchez é formada pela Faculdade de Medicina da USP, onde também realizou a residência médica em Oftalmologia e a especialização em plástica ocular e cirurgia refrativa. Participou de inúmeros congressos e fez estágio na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Atualmente atua em sua própria clínica no bairro da Vila Leopoldina.

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