O delirium é um estado de confusão mental que pode surgir de modo súbito.
Seu principal sintoma é o déficit de atenção.
Esta condição pode causar grande sofrimento, ainda que, na maior parte dos casos, de forma temporária.
Em muitos casos, ela representa a primeira manifestação de alguma doença grave menos evidente.
Neste artigo você aprenderá o que é o delirium e quais os seus possíveis sintomas.
Além disso, você irá descobrir os fatores de risco que podem predispor o surgimento desta condição.
Por fim, entenderá sobre o tratamento e as formas de prevenção.
Quais são as principais características do delirium?
O delirium é caracterizado por alterações cognitivas como a dificuldade de manter a atenção, além de oscilações no estado mental e no comportamento, incapacidade de pensar e raciocinar com clareza e alterações do nível de consciência (podendo variar entre sonolência e maior estado de alerta) (1).
Este estado de desorientação mental possui instalação aguda, ou seja, ela surge de maneira súbita.
Saiba que esta é uma condição mental e não uma doença propriamente.
Além disso, ela pode ocorrer tanto em jovens quanto em idosos (2).
Ainda assim, é mais comum que aconteça em pessoas de idade mais avançada.
Principalmente em idosos (3) que ficam hospitalizados por um longo período de tempo ou que residem em casas de repouso.
Apesar de não ser uma doença, este estado mental pode sinalizar a presença de alguma enfermidade menos evidente.
E um outro ponto importante: este estado mental pode piorar o prognóstico (perspectiva de evolução do quadro clínico) de pacientes hospitalizados.
Portanto, os profissionais devem estar aptos a reconhecer de forma precoce esta condição.
Sendo assim, existem sintomas que podem ajudar a levantar a suspeita de que esta confusão possa estar acontecendo.
Sintomas de delirium
A princípio, os seus sintomas podem variar a depender do tipo de delirium, inclusive podendo alternar com períodos de lucidez.
Seu início é súbito e costuma ter duração variando entre horas e vários dias (4).
Quanto aos tipos, eles podem ser:
- Hiperativo: é a forma mais diagnosticada, uma vez que os sintomas ficam mais latentes. Nesses casos, pode ocorrer alucinações, agitação, tremores, discurso incoerente, aumento da excitação (com instabilidades da pressão arterial e/ou batimentos do coração) e do estado de vigília (momento em que fica acordado)
- Hipoativo: pode ser confundido com a depressão, pois a pessoa pode ficar mais introspectiva, quieta, apática, letárgica (reações e movimentos mais lentos e menos expressivos)
- Misto: pacientes que oscilam entre ambas as formas (hiperativo e hipoativo)
Apesar de os sintomas de delirium variarem de acordo com o tipo, em geral, eles incluem:
- Dificuldade de atenção
- Confusão mental
- Alterações nos níveis de consciência
- Perda de memória, tanto de acontecimentos recentes quanto de eventos antigos
- Mudanças de movimento (pode ficar mais lento ou mais agitado)
- Modificação nas percepções e nas sensações
- Fala arrastada e dificuldade ao se comunicar
- Alucinações (em geral são visuais), isto é, percepções de estímulos inexistentes
Então, se você nota alguma familiaridade com alguns dos sinais, sobretudo, em pessoas com quem você convive, procure ajuda médica.
Causas
Em geral, são diversas fatores que podem desencadear (5) o delirium, por exemplo:
- Infecções (como infecção urinária, pneumonia, meningite e sepse)
- Medicamentos
- Abuso de drogas como álcool, cocaína, opióides, dentro outros
- Distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos (como desvios nos níveis de glicose, sódio, cálcio)
- Disfunção de órgãos (pulmões, fígado, coração, rins)
- Doenças ligadas a hormônios (hipotireoidismo, hipertireoidismo ou insuficiência adrenal)
- AVC
- Epilepsia
- Cânceres
- Traumatismo na cabeça
- Estado de final de vida
Além disso, há alguns fatores de risco que podem deixar uma pessoa mais vulnerável a desencadear este evento.
E esses fatores podem incluir:
- Longo período com pouca mobilidade (como pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) e que não são estimulados em casas de repouso)
- Idade avançada
- Deficiências sensoriais como problemas de audição ou de visão
- Características que sinalizem saúde mais frágil como desnutrição, doenças neurológicas (como demência) ou outras condições desfavoráveis de saúde
Enquanto isso, alguns fatores de risco particulares de hospitalizados são:
- Uso de sondas urinárias (vesicais) para drenar urina
- Privação de sono
- Uso de medicamentos adicionais
- Procedimentos cirúrgicos
- Uso de determinados medicamentos de anestesia
- Tratamento inadequado da dor
Diagnóstico
Os sinais e sintomas levantam a suspeita desta condição.
Ainda assim, é fundamental uma análise clínica cautelosa para que o médico possa confirmar o diagnóstico dessa condição.
Parte da avaliação consistirá na aplicação de um Mini Exame do Estado Mental (MMSE, em inglês) (6).
Desse modo, é possível verificar aspectos de orientação no tempo e espaço, linguagem e habilidades visuoespaciais.
Além disso, a investigação irá abranger a busca por doenças e condições que predispõem a manifestação do delirium.
Saiba também que devido ao caráter usualmente transitório desta condição, os registros sobre a ocorrência dos casos podem estar mascarados.
Além disso, é importante não confundir este fenômeno com outras perturbações mentais como, por exemplo, a demência.
Geralmente, a demência, ao contrário do delirium, aparece de modo gradual (7) e tende a ser uma condição permanente.
Tratamento
Em resumo, o tratamento de delirium (8) inclui:
- Identificar e tratar as suas causas
- Controlar os sintomas
Além disso, há algumas medidas sem envolver o uso de remédios que podem ajudar a tratar este quadro.
Elas incluem:
- Suspensão dos remédios potencialmente causadores desta condição
- Preservação do sono noturno
- Estímulos a caminhadas
- Hidratação adequada
- Permanência de pessoas conhecidas junto com o paciente
- Colocar objetos como relógios, calendários e fotografias de pessoas com as quais o paciente esteja familiarizado para deixar o ambiente mais acolhedor, principalmente em pacientes hospitalizados
- Remoção (quando possível) de sondas e acessos venosos (dispositivos que entram na veia)
- Retirada de contenções físicas (retirada de meios que estejam restringindo a mobilidade do paciente)
- Manter o ambiente livre de ruídos e interrupções frequentes
Em contrapartida, em outros casos pode ser necessário o uso de alguns medicamentos.
Eles podem incluir:
- Medicamentos antipsicóticos (remédios usados para tratar transtornos mentais)
- Remédios pertencentes à classe de sedativos
A prescrição desses remédios é cautelosa, sobretudo em delirium em idosos.
Nesses casos, utiliza-se a menor dose possível e, além disso, seu uso é interrompido assim que o quadro for controlado.
Como podemos observar, o seu tratamento exige uma grande organização e planejamento de várias pessoas envolvidas no cuidado.
Prevenção
A princípio, a aplicação de algumas medidas preventivas podem ser feitas para estes quadros.
Elas incluem:
- Manter o paciente informado para que fique orientado em relação ao tempo e ao espaço
- Estimular a movimentação física e a cognição do paciente
- Garantir um sono de qualidade
- Boa alimentação
- Hidratação
- Medidas de alívio da dor e do sofrimento
Além disso, é importante que a família esteja em sintonia com a equipe de saúde.
Dessa forma, ficará mais harmonioso e eficiente promover a recuperação ou prevenção de um quadro de delirium.