Doença de Chagas: Existe Cura Para a Doença do “Barbeiro”?

A doença de Chagas é uma doença parasitária mais comum em partes da América Latina, principalmente em zonas rurais.

Os moradores de casas de “pau a pique”, construídas com madeira, barro e palha, estão entre as pessoas mais vulneráveis para sofrerem a infecção.

Isso porque o inseto responsável por transmitir a doença costuma habitar nas fendas ou rachaduras de telhados ou paredes dessas casas.

No entanto, nas últimas décadas, por conta da maior mobilidade urbana da população, até mesmo países da América do Norte, da Europa e do Leste do Mediterrâneo apresentam casos da doença (1).

Estima-se que há por volta de 8 milhões de pessoas contaminadas com essa condição na América Latina (2,3).

No Brasil, a doença de chagas é mais comum apenas em algumas regiões.

Nesse artigo você irá conhecer quais são elas e como se dá a transmissão dessa doença.

Além disso, saberá o que pode ser feito para tratá-la.

O que causa a doença de chagas?

A doença de Chagas é causada por um parasita protozoário chamado Trypanosoma cruzi, quando este entra por uma ferida aberta ou pelas mucosas (como as conjuntivas ao redor dos olhos). Isso se dá por ação de insetos, geralmente do gênero Triatoma, que depositam as fezes contendo o parasita, após se alimentarem do sangue humano.

Um outro ponto importante é que ela é considerada uma doença negligenciada (4). 

Isso porque ela provoca grande sofrimento humano e mortes em partes do mundo menos favorecidas do ponto de vista social e econômico. 

Com isso, elas se tornam uma barreira para a redução de pobreza e o desenvolvimento.

No Brasil, sua ocorrência se dá com maior frequência na região amazônica.

Transmissão

A transmissão da doença de Chagas acontece principalmente por meio do “inseto barbeiro“, nome popular para os insetos do gênero Triatoma.

Esses insetos são hematófagos, isto é, têm sua alimentação à base de sangue.

Sendo assim, o “barbeiro” pode se contaminar ao se alimentar do sangue de humanos ou de animais (como os animais silvestres, que podem ser ratos, morcegos, tatus) que tenham o parasita Trypanosoma cruzi (5).

Com isso, o parasita, que foi ingerido pelo “barbeiro”, irá se multiplicar no interior do sistema digestório (numa espécie de “intestino”) deste inseto.

Em seguida, após o inseto realizar a picada em um outro ser humano, ele também pode deixar as fezes contendo o parasita no mesmo local.

Portanto, quando a pessoa começa a coçar o local da picada, ocorre a entrada do Trypanosoma cruzi na corrente sanguínea, pelas aberturas que ocorreram através da pele.

Apesar desse tipo de transmissão ser o mais comum, também existem outras formas de se contaminar com o Trypanosoma cruzi.

De modo geral, elas envolvem as transfusões sanguíneas, os transplantes de órgãos (6) e o consumo de alimentos contaminados (como o suco de cana).

Por fim, durante a gravidez, é possível também que a mãe possa passá-lo para o seu filho.

Sintomas

Os sintomas dessa doença dependem de qual fase ela se encontra (aguda ou crônica).

Fase aguda

A fase aguda da doença costuma acontecer pouco tempo após a contaminação, podendo durar algumas semanas ou meses.

Nesta fase, a maioria dos doentes não apresentam nenhum sintoma ou apenas alguns sintomas, que podem incluir:

  • Febre
  • Mal estar geral
  • Dor de cabeça
  • Diminuição do apetite
  • Inchaço ao redor do local em que houve a picada do inseto (quando transmitida pelo “inseto barbeiro”), conhecida como Chagoma de Inoculação
  • Inflamação do músculo cardíaco (do coração) que, em alguns casos, pode refletir em alterações no exame de eletrocardiograma
  • Aumento do fígado ou do baço
  • Em raros casos, pode ocorrer alterações neurológicas (7) (por conta de inflamação no sistema nervoso central)

Fase crônica

Após a fase aguda, a doença pode ficar latente por anos ou décadas.

Ou seja, sem dar origem a nenhum sintoma.

Por isso, pode ser comum que muitos nem saibam que possuem a doença.

Entretanto, parte das pessoas (de 20 a 30%) com a doença latente passam para a sua fase crônica.

Com isso, podem apresentar:

  • Anormalidades dos batimentos do coração (arritmias ou insuficiência cardíaca)
  • Formação de trombos no coração
  • Cardiomegalia (quando o coração aumenta de tamanho e fica com a sua capacidade funcional afetada) (8)
  • Esôfago ou cólon (intestino grosso) dilatados (pode causar dificuldades para se alimentar ou evacuar, aumento de gases)
  • Como consequência de problemas cardíacos, é possível também ocorrer a morte súbita

Doença de Chagas tem cura?

Em princípio, o tratamento da doença de Chagas deve ser iniciado o mais rápido possível.

Pois, quando é tratada na fase aguda, há melhores chances de recuperação, principalmente em jovens.

Os medicamentos usados podem variar conforme a fase da doença e a idade da pessoa.

Em certos casos, também pode ser recomendada a cirurgia para os problemas gastrointestinais.

Prevenção da doença de Chagas

As principais formas de prevenção dessa doença envolvem evitar o “inseto barbeiro”, que é o inseto responsável por transmiti-la.

Assim sendo, é importante melhorar as habitações que propiciam a presença destes insetos.

Por exemplo, rebocando as fendas e rachaduras presentes nos telhados e paredes (sobretudo em casas de “pau a pique”).

Ou mudando de habitação, quando possível.

Além disso, o uso de inseticidas para eliminar o “inseto barbeiro” também é uma alternativa.

Ainda, em áreas de risco, é importante usar proteções individuais para evitar a doença de Chagas.

Como fazer uso de repelentes e usar roupas de manga longa.

Por fim, apesar de não existir uma forma de prevenir os casos transmitidos da mãe grávida para o seu bebê, a detecção e o tratamento precoce pode ajudar a minimizar impactos da doença.

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(Autor)

Natural de Alfenas, Minas Gerais, Mateus Beker é discente de graduação no curso de bacharelado em Odontologia pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG). Atualmente, é bolsista do MEC pelo Programa de Educação Tutorial (PET) - Odontologia, instituído na Universidade Federal de Alfenas.Possui atividades de pesquisa relacionadas a ação anti-inflamatória de extratos e compostos bioativos de produtos naturais, assim como sobre a associação de determinadas variáveis no surgimento de lesões de origem endodôntica. Além disso, desenvolve trabalhos nas áreas de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial e Estomatologia.Outras áreas de seu interesse incluem Cirurgia Bucomaxilofacial e Implantodontia.Ele foi admitido na equipe do Vitalismo no ano de 2021. Como escritor especializado para os assuntos que abrangem a área Odontológica e outras temáticas relacionadas à saúde, procura apresentar informações de forma objetiva e compreensível, além de demonstrar a importância da procura por orientação adequada.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

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