Endocardite: Doença Cardíaca Silenciosa e suas Complicações

A endocardite é uma inflamação grave das partes mais internas do coração, principalmente as válvulas.

As válvulas são abas que abrem e fecham para controlar o fluxo de sangue no coração.

Para que ocorra a doença, uma condição muito importante que aumenta o risco é que as válvulas tenham um defeito de nascença ou já estejam doentes (valvulopatias).

Dito isso, a inflamação dessas estruturas pode ocorrer em duas situações:

  • Infecção do sangue por bactérias (mais comum) ou fungos (raramente)
  • Doenças que aumentam a coagulação do sangue e formam trombos

A coagulação é um processo natural que nos ajuda a parar de sangrar quando temos um ferimento.

Mas um aumento anormal da tendência de coagular o sangue pode formar trombos (coágulos dentro do coração ou de vasos sanguíneos).

Dessa forma, temos que a endocardite pode ser dos tipos infecciosa (por bactérias) e não infecciosa (por trombos).

O que pode causar endocardite?

A endocardite infecciosa ocorre quando os germes, principalmente bactérias, entram na corrente sanguínea. Pelo sangue, elas viajam até o coração e crescem nas válvulas ou outras partes internas do coração. Isso ocorre, por exemplo, em casos de sangramento na boca, como ao escovar o dente (quando as gengivas não estão saudáveis) ou em procedimentos dentários. Com isso, forma-se uma oportunidade para bactérias atingirem a circulação sanguínea e o coração (1).

Outras causas incluem:

  • Uso de cateter: às vezes, os germes podem entrar no corpo por meio de pequenos tubos (cateteres) que médicos e enfermeiros usam para injetar ou retirar líquidos do corpo de pessoas em tratamento (o risco é maior quando o cateter fica no corpo por muito tempo, como em quem passa por hemodiálise)
  • Uso de drogas injetáveis: algumas pessoas injetam drogas diretamente no sangue, pelas veias (para isso, essas pessoas podem usar agulhas e seringas sujas ou usadas por outras pessoas, isto é, possivelmente contaminadas)
  • Implantes: bactérias podem infectar implantes, como um marca-passo (para arritmias cardíacas), e, assim, chegar ao coração

Já a endocardite não infecciosa ocorre principalmente em casos de outras doenças que aumentam a chance de formar trombos (2).

Entre elas:

  • Lúpus eritematoso sistêmico (uma doença autoimune, ou seja, quando anticorpos atacam tecidos do próprio corpo)
  • Síndrome antifosfolípide (uma doença que aumenta a coagulação do sangue)
  • Câncer de pulmão, estômago ou pâncreas
  • Tuberculose
  • HIV/AIDS
  • Pneumonia
  • Sepse (infecção grave do sangue)
  • Uremia (acúmulo de resíduos no sangue)
  • Queimaduras extensas
  • Artrite reumatoide
  • Coagulação intravascular disseminada

Quais são as possíveis complicações da doença?

Tanto a endocardite bacteriana quanto a não infecciosa formam massas no coração chamadas vegetações.

Essas vegetações podem causar mais dano às válvulas, fazendo o coração trabalhar mais e, com o tempo, ficar mais fraco (insuficiência cardíaca).

Além disso, partes das vegetações podem se soltar do coração e cair na circulação (embolização) (3).

Dessa forma, elas podem chegar a outras partes do corpo e entupir vasos, como no pulmão, nos rins e até mesmo no cérebro.

Onde os vasos entopem, podem ocorrer danos graves.

Como, por exemplo, um AVC (acidente vascular cerebral), que é quando células do cérebro não recebem oxigênio pelo sangue e morrem.

Isso pode deixar sequelas na fala e nos movimentos ou até causar a morte.

Por fim, é importante saber que, inicialmente, os sintomas de endocardite variam de pessoa para pessoa e, quando é o caso de apenas vegetações, costumam ser muito vagos ou sequer ocorrem.

Eles incluem:

  • Febre ou Calafrios
  • Dor de cabeça
  • Cansaço
  • Falta de ar e dor ao respirar
  • Dor nas articulações (“juntas entre ossos”)
  • Sopros cardíacos (em alguns casos)
  • Sudorese (suor) de noite

Portanto, faça acompanhamento médico e dental regularmente e consulte-se com seu médico se achar que está em risco de desenvolver endocardite.

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(Autor)

Olá! Meu nome é Gabriel Braga Villa e tenho 26 anos. Sou estudante do quinto ano de Medicina na UNESP Botucatu. Batalhei bastante para entrar na faculdade, fiz quatro anos de cursinho pré-vestibular depois de me formar no colégio. Hoje amo estudar saúde e as duas coisas que mais me movem na área são: acolher quem precisa de ajuda e espalhar conhecimento para que as pessoas possam viver com mais qualidade. Além da medicina, também amo todos os tipos de esportes. Jogo basquete e pratico corrida há 10 anos -- são as atividades que mais relaxam meu corpo e minha mente. Inclusive, acredito no exercício físico, no esporte e em um estilo de vida ativo como ferramentas de promoção de saúde, uma vez que podem participar da prevenção e da cura de diversas doenças, além de poder aumentar a qualidade de vida de qualquer pessoa. Por fim, sou fiel à ciência e ao método científico e, neste projeto, meu objetivo é contribuir para a saúde e o bem-estar dos leitores do Vitalismo.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

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