Hepatite: Você Conhece as Diferenças Entre os Tipos Virais?

Sem dúvidas você já ouviu falar sobre hepatite, não é mesmo?

Os causadores desta condição podem ser vírus, medicamentos, álcool, doenças imunes, metabólicas e genéticas.

Dentro das hepatites virais, existem cinco variantes principais: as hepatites A, B, C, D e E (1).

As três primeiras variantes de hepatite são as mais comuns no Brasil e é sobre elas que vamos falar hoje.

Então vamos entender cada uma delas e aprender como nos proteger?

Hepatite A

O vírus da hepatite A (VHA), também chamada “hepatite infecciosa”, causa uma doença benigna (leve e que não piora com o tempo) e autolimitada, ou seja, o próprio corpo é capaz de se livrar da doença após um tempo. O VHA não causa hepatite crônica e é raro que cause insuficiência hepática aguda. Portanto, é bastante baixo o número de mortos desta doença (2).

Algumas pessoas nem chegam a apresentar sintomas, ou seja, são assintomáticos.

Mas caso apresentem, os sintomas são leves e pouco específicos, e podem incluir:

  • Fadiga (cansaço)
  • Perda de apetite
  • Febre
  • Mal-estar
  • Dor abdominal
  • Enjoo
  • Vômito
  • Icterícia (pele, olhos e mucosas amarelados)
  • Urina escura
  • Fezes claras

Transmissão do VHA

A transmissão da hepatite A é via fecal-oral. Isso quer dizer que a pessoa se contamina pelo contato próximo com uma pessoa infectada ou ao ingerir água ou alimentos contaminados pelo vírus.

A pessoa, quando contaminada, elimina o vírus pelas fezes durante 2 a 3 semanas antes de apresentar icterícia e 1 semana após apresentar este mesmo sintoma.

Assim, é possível que, eventualmente, as fezes contaminadas entrem em contato com o alimento ou a água de consumo.

Este contato pode acontecer, por exemplo, quando não existe um bom tratamento da água de esgoto, a qual se mistura com a água de beber. Ou também pela falta de lavagem das mãos antes de manusear alimentos.

Sendo assim, a transmissão do VHA costuma acontecer em locais com falta de saneamento básico e hábitos de higiene adequados.

Prevenção contra o VHA

Sabendo a via de transmissão, fica fácil entender como se prevenir. É muito importante ter cuidado ao manusear alimentos: lavar muito bem as mãos e as frutas, legumes e verduras. Além disso, deve-se beber apenas água tratada e evitar contato com riachos, enchentes ou locais com esgoto a céu aberto.

Também é recomendado não compartilhar objetos pessoais como copos, escovas de dente, e outros.

Além disso, já existe vacina para hepatite A, a qual é muito eficaz para prevenir a infecção pelo vírus.

Ela entrou no calendário de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil apenas em 2014 e é uma vacina de dose única, aplicada aos 15 meses de vida.

Hepatite B

A hepatite B é um importante problema de saúde pública, uma vez que cerca de 350 milhões (3) a 500 milhões de pessoas no mundo são acometidas pela doença. A pessoa que se infecta pelo vírus da hepatite B (VHB) pode vir a ter um desses quadros:

  • Hepatite aguda (autolimitada)
  • Estado de portador assintomático (não tem sintomas, mas transmite o vírus)
  • Hepatite crônica não progressiva
  • Hepatite crônica progressiva (evolui para cirrose hepática)
  • Insuficiência hepática aguda com necrose do fígado
  • Carcinoma hepatocelular (câncer de fígado)

Os sintomas são os mesmos gerados pelo VHA e são igualmente raros, ou seja, a maioria das pessoas não apresenta sintomas.

Transmissão do VHB

O VHB está presente no sangue, no esperma e no leite materno. Portanto, sua transmissão é diferente do VHA. Enquanto na hepatite A a transmissão é fecal-oral, aqui existem outras vias:

  • De mãe para filho durante o parto
  • Amamentação
  • Compartilhamento de seringas e agulhas por usuários de drogas
  • Ferimentos na pele
  • Transfusão de sangue
  • Contato sexual (infecção sexualmente transmissível)

Prevenção contra VHB

Assim, para se prevenir do VHB, é importante que você não compartilhe objetos de uso pessoal, como escovas de dentes, lâminas de barbear, materiais de pedicure (sempre que for à pedicure levar o seus próprios) ou agulhas e seringas para uso de drogas.

Caso decida fazer tatuagem ou colocar piercing, atente-se aos materiais e veja se nunca foram utilizados em outras pessoas.

No Brasil, a vacina contra o VHB é obrigatória e é aplicada em quatro doses: aos 2, 4 e 6 meses de vida. No entanto, a vacina é recomendada (4) para pessoas de qualquer idade que não foram vacinadas na infância. O importante é se vacinar! (5)

Hepatite C

Por fim, temos o vírus da Hepatite C (VHC). Este vírus teve uma redução no número de casos nos últimos 40 anos devido às melhorias da triagem de sangue para transfusão. Apesar disso, os casos de hepatite crônica causados pelo VHC continuam aumentando, uma vez que a infecção por este vírus persiste durante toda a vida do indivíduo.

A hepatite C crônica, assim como a hepatite B, são importantes causadoras de cirrose hepática, condição que pode causar grave insuficiência hepática.


Além disso, ambos os vírus podem aumentar o risco de ocorrência de câncer de fígado.

Estas complicações são possíveis em infecções crônicas pelo vírus (6).

Já em casos agudos, os sintomas da hepatite C tendem a ser iguais as anteriores e podem até não aparecem.

Existem porém, alguns grupos de risco para infecção por VHC:

  • Abuso de drogas intravenosas
  • Múltiplas parcerias sexuais
  • Realização de cirurgia nos últimos 6 meses
  • Ferimento por picada de agulha
  • Contatos múltiplos com uma pessoa infectada por VHC

Transmissão do VHC

Assim como o VHB, o vírus da hepatite C está presente no sangue. Portanto, a transmissão do VHC ocorre pelas mesmas vias da anterior:

De mãe para filho durante o parto e na amamentação, por meio de compartilhamento de seringas e agulhas por usuários de drogas, ferimentos na pele, transfusão de sangue, por sexo sem proteção (infecção sexualmente transmissível).

Prevenção contra VHC

Uma vez que a transmissão é igual a do VHB, assim também é a prevenção. Ou seja, para prevenir: não compartilhe objetos de uso pessoal, como escovas de dentes, lâminas de barbear, materiais de pedicure (sempre que for à pedicure levar o seus próprios). Além disso, não compartilhe agulhas e seringas para uso de drogas e evite múltiplas parcerias sexuais ou use proteção adequadamente.

Por fim, lembre-se que, até o momento, não existe vacina para hepatite C (7,8).

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(Autor)

Como graduando do curso de Medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) e escritor do Vitalismo tenho como propósito trazer informações sobre saúde de qualidade e baseadas em evidências científicas com uma linguagem de fácil acesso para toda a população. Ingressei no curso de Medicina em 2018 por vocação e amor ao cuidado. Agora tenho a oportunidade de levar essa minha paixão para todos leitores do Vitalismo. Além disso, sou fundador da Liga de Empreendedorismo, Gestão e Inovação da UNESP e atualmente sou coordenador da Liga de Ortopedia de Botucatu.

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