Leishmaniose: Mosquitos, Úlceras de Pele e Sangramentos

A leishmaniose é uma doença parasitária causada por protozoários (pequenos seres vivos unicelulares, ou seja, que são em si uma única célula) do gênero Leishmania.

Essa infecção pode resultar em diferentes formas de manifestação, sendo as mais comuns: leishmaniose cutânea (afeta a pele) e a leishmaniose visceral (afeta os órgãos internos).

Em todo o mundo, estima-se que a cada ano há cerca de 700 mil a 1,2 milhões novos casos da forma ‘cutânea’ e entre 200 a 400 mil novos casos da forma ‘visceral’ (1).

Com isso, podemos observar que é uma doença que afeta muitas pessoas.

Por isso, é muito importante conhecê-la.

Não é verdade?

Nesse artigo, você irá conhecer como se dá a transmissão da leishmaniose e de que forma pode preveni-la.

Além disso, saberá quais os sintomas dessa condição.

Como se dá a transmissão da leishmaniose?

A leishmaniose é transmitida através da picada de flebotomíneos (um grupo de insetos amarelados e com um par de asas). Ou seja, quando a fêmea deste inseto, que está contaminada com os protozoários parasitas (do gênero Leishmania), se alimenta do sangue de uma pessoa. Isso porque, no momento da picada, ocorre a injeção de protozoários no interior da corrente sanguínea da pessoa.

Portanto, a transmissão não ocorre diretamente de uma pessoa para outra.

Além disso, no Brasil, esses insetos também recebem diferentes nomes, de acordo com a região do país.

Dentre eles, “mosquito palha“, “tatuquira” e “birigui” são alguns dos seus nomes populares (2).

E só os humanos podem ser contaminados?

Além dos humanos, a leishmaniose pode afetar outras vítimas.

Sendo assim, os animais silvestres (como os animais roedores) e domésticos (como os cães) também podem ser afetados por ela.

Inclusive, saiba que eles são os principais hospedeiros (seres vivos que abrigam no seu interior o parasita) no ciclo da doença.

Sintomas

Os sintomas da leishmaniose podem se apresentar de variadas formas.

Como vimos, a leishmaniose pode se apresentar de forma cutânea ou visceral (também chamada de calazar).

Isso acontece porque há uma grande diversidade de espécies de Leishmania.

Além disso, a resposta do sistema de defesa do indivíduo também pode influenciar em como a doença se manifesta.

Leishmaniose cutânea

Em primeiro lugar, existe tanto a forma ‘muco-cutânea’ (ou ‘tegumentar americana’) quanto a forma ‘cutânea’, sendo mais comum esta última (também conhecida como ‘tegumentar’).

Ela afeta regiões localizadas do corpo, sobretudo, atingindo a pele.

Nessa forma da doença, há o surgimento de lesões na pele, as quais podem começar como pápulas (pequenas protuberâncias) ou nódulos (“caroços”).

No entanto, podem resultar em formação de lesões com úlceras (feridas que expõem partes mais profundas da pele) ao centro e com as bordas elevadas e de consistência mais firme (3).

De maneira geral, podem não causar dor e se desenvolvem algumas (cerca de 6) semanas ou meses após a picada pelo mosquito contaminado.

Por fim, vale lembrar que em casos mais graves, as lesões também podem aparecer em mucosas do nariz e da boca (forma ‘tegumentar americana’).

Leishmaniose visceral

Nessa forma da doença, há o comprometimento de órgãos internos pela Leishmania, o que pode ser fatal na maior parte dos casos sem tratamento (4).

Isso porque os parasitas podem afetar órgãos muito importantes como fígado e medula óssea, além de baço e linfonodos.

De maneira geral, esta forma se desenvolve entre 3 a 8 meses após a picada do mosquito contaminado.

Seus sintomas podem incluir:

Tratamento e Prevenção

O tratamento da leishmaniose pode depender da forma de apresentação.

Em geral, a forma cutânea pode não necessitar de tratamento específico, caso haja poucas lesões e se cada uma delas também forem pequenas.

Para as demais formas (tegumentar americana e visceral) serão necessários tratamentos específicos com medicamentos.

Geralmente, se utiliza um medicamento conhecido por antimoniato de meglumina (5).

Além disso, também pode se usar outras drogas, como a Anfotericina B e a Pentamidina.

No entanto, vale ressaltar que esses medicamentos podem ser muito tóxicos e, por isso, produzir diversos efeitos colaterais.

Por isso, o tratamento dessa condição pode trazer outros riscos para a saúde.

E afinal, quem já teve a condição pode contraí-la novamente?

Em princípio, as pessoas que já tiveram leishmaniose podem ganhar imunidade contra novas contaminações.

Apesar disso, o melhor caminho é evitar a infecção.

Atualmente, ainda não existem vacinas para humanos contra as espécies de Leishmania.

Por isso, é importante que você adote algumas medidas para evitá-las (6), por exemplo:

  • Realizar vacinação de cães
  • Evitar frequentar ambientes onde os mosquitos possam habitar
  • Utilização de repelentes contra mosquitos
  • Colocação de telas em janelas
  • Uso de mosquiteiros de tela fina
  • Manter limpas as áreas próximas a residências

Quando procurar por assistência médica?

Procure por assistência profissional para sua saúde caso apresente feridas (úlceras) na pele ou mucosas da boca e do nariz.

Principalmente, após frequentar (nas últimas semanas ou meses) locais em que você possa ter tido contato com os mosquitos que transmitem essa condição.

Por exemplo, países com alta presença deste parasita, como Índia, Bangladesh, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Brasil.

Além disso, caso tenha sintomas como febre, perda de peso involuntária ou algum tipo de sangramento anormal, não deixe de procurar por assistência médica.

Este artigo te ajudou?
(Autor)

Natural de Alfenas, Minas Gerais, Mateus Beker é discente de graduação no curso de bacharelado em Odontologia pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG). Atualmente, é bolsista do MEC pelo Programa de Educação Tutorial (PET) - Odontologia, instituído na Universidade Federal de Alfenas.Possui atividades de pesquisa relacionadas a ação anti-inflamatória de extratos e compostos bioativos de produtos naturais, assim como sobre a associação de determinadas variáveis no surgimento de lesões de origem endodôntica. Além disso, desenvolve trabalhos nas áreas de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial e Estomatologia.Outras áreas de seu interesse incluem Cirurgia Bucomaxilofacial e Implantodontia.Ele foi admitido na equipe do Vitalismo no ano de 2021. Como escritor especializado para os assuntos que abrangem a área Odontológica e outras temáticas relacionadas à saúde, procura apresentar informações de forma objetiva e compreensível, além de demonstrar a importância da procura por orientação adequada.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

Este artigo não possui comentários
      Deixe seu comentário

      O seu endereço de email não será publicado.