Paralisia Infantil: Conheça Essa Doença Erradicada no Brasil

A paralisia infantil é o nome popular dado à doença conhecida por poliomielite.

Ela pode levar a quadros graves de paralisia e pode até mesmo resultar em morte.

Felizmente, no mundo todo, tem diminuído drasticamente o número de casos dessa condição (1).

Isto porque hoje já existem recursos eficientes para preveni-la.

Você sabe quais são eles?

Neste artigo, você aprenderá o que causa a paralisia infantil.

Além disso, você descobrirá como ocorre sua transmissão e quais são as medidas de prevenção para esta doença.

O que causa a paralisia infantil?

A paralisia infantil é provocada pelo poliovírus, um agente infeccioso microscópico. A infecção pode acontecer quando este vírus contamina o corpo ao entrar por meio da boca ou do nariz. Com isso, ele pode atingir os sistemas respiratório e digestório e, finalmente, o sistema nervoso central.

A princípio, ele se multiplica na garganta e nos intestinos.

No entanto, logo depois ele também pode atingir a corrente sanguínea e, com isso, pode chegar ao sistema nervoso central (2).

Esse sistema é fundamental para que o corpo “obedeça” aos comandos vindo do cérebro.

Por isso, quando a comunicação entre o cérebro e o corpo é afetada devido à presença do vírus, pode haver consequências para o funcionamento sensorial e motor de partes do corpo.

Por exemplo, uma paralisia temporária ou permanente de movimentos do corpo, o que justifica o nome popular desta doença.

No geral, ela é mais frequente em crianças menores de 5 anos, sobretudo nas que não foram vacinadas.

Mas isso não significa que adultos não possam contrair a poliomielite.

Além disso, saiba que existem registros de três estirpes (variações genéticas) do poliovírus, podendo ser do tipo 1, 2 ou 3.

Os tipos 2 e 3 já foram erradicados, o que significa que eles não existem mais no mundo.

Contudo, o tipo 1 ainda infecta pessoas em alguns países da África e da Ásia (3).

Sintomas da poliomielite

Em geral, cerca de 90% das pessoas que contraem essa doença não apresentam sintomas ou, se apresentam, são apenas leves (semelhantes aos de uma gripe) (4).

De modo geral, os sintomas dessa condição podem variar conforme quatro apresentações.

Nesse sentido, temos a poliomielite abortiva, não paralítica e paralítica e síndrome pós-poliomielite.

Poliomielite abortiva

A princípio é uma forma leve desta doença, que não leva à paralisia.

Em geral, os seus sintomas se assemelham aos da gripe, portanto, são semelhantes ao de outras infecções virais.

Costumam surgir principalmente entre 3 a 10 após a exposição ao vírus e podem durar até 10 dias.

Os sintomas incluem:

  • Febre
  • Dor de garganta
  • Diminuição do apetite
  • Dor de cabeça
  • Indisposição generalizada (mal-estar)
  • Dor ou rigidez nas costas, no pescoço e/ou nos membros (braços e pernas)
  • Fraqueza
  • Fadiga
  • Náusea e vômito

Poliomielite não paralítica

Embora não cause a paralisia, esta é uma forma grave desta doença.

Neste caso, os sintomas podem aparecer vários dias após o surgimento dos sintomas da forma leve desta condição.

Eles incluem:

  • Dor de cabeça podendo ser oriunda de uma meningite asséptica (uma inflamação nas camadas que revestem o cérebro)
  • Dor ou rigidez na nuca e/ou nas costas

Poliomielite paralítica

Sem dúvida, esta é a forma mais grave e incapacitante de paralisia infantil.

Afinal, este tipo é capaz de resultar no mau funcionamento de órgãos e membros do corpo.

Felizmente, menos de 1% das pessoas infectadas apresentam esse quadro.

Ou seja, ele é bem menos comum.

No que diz respeito aos seus sinais e sintomas, as suas manifestações iniciais costumam “imitar” os da poliomielite abortiva.

Mas é só após 7 a 21 dias de incubação (período entre a exposição ao vírus e o surgimento de sintomas), que o quadro grave começa a se manifestar.

Eles incluem:

  • Dor de cabeça intensa (devido à meningite asséptica)
  • Dores musculares (em camadas musculares mais profundas/internas)
  • Fraqueza muscular
  • Perda de reflexos
  • Membros “soltos” e flácidos (paralisia flácida)
  • Fraqueza ou paralisia nos músculos do tórax e do diafragma, o que leva algumas pessoas a se tornarem incapazes de respirar (insuficiência respiratória)
  • Dificuldade para engolir
  • Incapacidade para controlar secreções que saem pela boca ou até mesmo pelo nariz
  • Voz anasalada (“fanha”)

Síndrome pós-poliomielite

Por fim, é importante mencionar, que mesmo após vários anos das primeiras manifestações da doença, é possível surgir a síndrome pós-poliomielite, que pode ter como sintomas:

  • Fadiga
  • Atrofia (redução da massa) muscular
  • Dificuldades para engolir ou respirar
  • Fraqueza muscular e nas articulações (“juntas entre ossos”) e dor
  • Menor tolerância a temperaturas baixas no ambiente

Transmissão da paralisia infantil

A princípio, o poliovírus é extremamente contagioso, e pode ser transmitido mesmo se a pessoa não estiver apresentando sintomas.

No geral, há duas formas possíveis de esse vírus se espalhar.

  • Por meio do contato com as fezes de pessoas contaminadas: isso pode se dar em lugares em que o saneamento básico é inadequado e, por isso, a água e os alimentos podem ficar contaminados
  • Por meio de gotículas de saliva de pessoas contaminadas: uma pessoa pode se infectar ao conversar próxima a uma pessoa contaminada. Ou então, ao tossir ou espirrar, e o vírus se espalhar pelo ambiente

Diagnóstico

Os sinais e sintomas são grandes aliados para levantar a suspeita desta infecção viral.

Após uma avaliação clínica, o médico poderá solicitar alguns exames que permitirão confirmar o diagnóstico, por exemplo:

  • Exame de fezes e de secreções na garganta
  • Exame de sangue
  • Retirada de uma amostra do líquido cefalorraquidiano (líquido que se encontra ao redor do cérebro e da medula espinhal)

Tratamento da poliomielite

A poliomielite não tem cura e os medicamentos antivirais (remédios que têm o vírus específico como alvo) não afetam a evolução da doença.

Mas algumas medidas podem proporcionar conforto, aliviar os sintomas e prevenir complicações.

Elas incluem:

  • Repouso e descanso
  • Analgésicos (para alívio da dor) como os AINEs (antiinflamatórios não esteróides)
  • Suporte respiratório (fornecimento de oxigênio e fisioterapia)
  • Exercícios direcionados para grupos musculares (fisioterapia)
  • Ingestão de líquidos (como água, suco e caldo)
  • Compressas quentes para aliviar as dores musculares
  • Medidas para prevenir complicações (por exemplo, trombose venosa profunda, infecção urinária) em pessoas imobilizadas na cama

Mas sem dúvida, o melhor tratamento sempre é a prevenção.

Por isso, conheça alguns meios de evitar se contaminar por esta infecção.

Prevenção da paralisia infantil

O melhor recurso para evitar a paralisia infantil é a vacinação.

E para que o indivíduo seja devidamente imunizado, é preciso seguir um esquema de doses do imunizante.

Quando crianças (5), elas incluem:

  • Primeira dose: aos 2 meses de idade
  • Segunda dose: aos 4 meses de idade
  • Terceira dose: entre 6 e 18 meses de idade
  • Quarta dose: aos 4 a 6 anos de idade, essa última é um “reforço” para garantir proteção

Entretanto, caso você não tenha sido vacinado na infância ou não tomou todas as doses corretamente, deve se vacinar quando adulto do seguinte modo (6):

  • Primeira dose: a qualquer momento
  • Segunda dose: um ou dois meses após a primeira
  • Terceira dose: de seis a doze meses após a segunda

Por fim, se você frequentou alguma área onde haja casos de paralisia infantil, verifique sua carteira de vacinação e procure ajuda médica para saber como se cuidar.

Vale ressaltar que, pelo fato de ser altamente contagioso, é fundamental que todos os tipos do vírus que causam essa doença sejam erradicados.

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(Autor)

Discente do curso de enfermagem pela Universidade Federal de Alfenas, em Minas Gerais. Atuante na Atenção Básica à Saúde na cidade de Alfenas, sobretudo nas áreas de Saúde da Mulher e Cuidados Paliativos. Membro voluntário do projeto de extensão “PaliAB” pela Universidade Federal de Alfenas.Neste projeto, os extensionistas estabelecem uma relação de reciprocidade com os profissionais da Estratégia da Saúde da Família (ESF) e com os pacientes assistidos neste nível de Atenção à Saúde, sob a ótica dos Cuidados Paliativos (CP).Os participantes deste projeto contribuem para melhora na qualidade de vida dos pacientes por meio de planos de cuidados desenvolvidos juntamente com os profissionais das ESFs, para aliviar o sofrimento físico, social, espiritual e psicológico das pessoas e de sua rede de apoio sob CP.Além disso, ela atua no desenvolvimento de pesquisas para aprimorar o conhecimento sobre esta área, publica diversos trabalhos sobre a temática e disponibiliza cursos e cartilhas para os profissionais da ESF e cartilhas para população juntamente com os membros do projeto.Por fim, ela prioriza um cuidado integral, respeitoso e digno tanto às pessoas assistidas pela Atenção Básica quanto aos profissionais que atuam neste nível de assistência à saúde.

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