Refluxo Gastroesofágico: Por Que Ocorre? Tem Tratamento?

O refluxo gastroesofágico é o principal evento presente na Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE).

A DRGE é uma das doenças mais comuns em todo o mundo.

Só no Brasil, por exemplo, são cerca de 20 milhões de pessoas afetadas por esta condição (1).

Você sabe reconhecer os sintomas e as causas do refluxo gastroesofágico?

Pois, é disso que esse artigo trata!

Vamos nessa?

O que é o refluxo gastroesofágico?

Quando você come ou bebe algo, este alimento ou bebida passa pela boca, pela faringe, pelo esôfago e então chega ao seu estômago. Eventualmente, a comida, que já havia chegado ao estômago, pode retornar ao esôfago (refluxo) acompanhada do suco gástrico, que é ácido e percebido pelo gosto azedo quando sobe até a boca.

O suco gástrico (altamente ácido) causa lesões na parede interna do esôfago.

Este retorno do alimento com o suco gástrico para o esôfago, o refluxo, pode acontecer com qualquer pessoa saudável.

No entanto, quando ele passa a gerar sintomas ou outras complicações para o indivíduo, passamos a chamá-lo de Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE).

Quais as causas do refluxo gastroesofágico?

Para o alimento passar do esôfago para o estômago, deve ocorrer a passagem através de uma “portinha”, o esfíncter esofágico inferior (EEI).

Esse esfíncter, portanto, funciona para permitir que o alimento entre no estômago e também impedir que ele volte para o esôfago.

Existem situações, como como tossir, fazer esforço físico, curvar-se, estar com grande volume de gases ou alimento no estômago, que podem causar o relaxamento do esfíncter, permitindo assim o refluxo alimentar.

Outros fatores (2) que também aumentam as chances de “afrouxar” o esfíncter são:

Sintomas de refluxo

Os sintomas mais comuns da DRGE incluem:

  • Pirose (sensação de queimação no peito; azia)
  • Amargor na boca
  • Regurgitação ácida (quando o conteúdo gástrico sobe até a boca)
  • Dor na região torácica (peito)

Esses sintomas apontam para um caso de DRGE quando aparecem duas ou mais vezes na semana dentro de um período maior do que quatro semanas.

Além disso, existem também outros sintomas, que são menos comuns:

  • Tosse crônica
  • Laringite
  • Sintomas de asma
  • Aftas
  • Halitose (mau hálito)
  • Rouquidão
  • Otite
  • Sinusite

Por fim, vale ressaltar também que uma complicação grave que tem associação com casos crônicos desta condição é o câncer de esôfago (3).

Tratamento

Existem duas abordagens de tratamento para refluxo (4): o tratamento clínico e o cirúrgico. Dessa forma, a escolha depende da idade do paciente, da adesão ao tratamento, presença de outras doenças, dos sintomas e de complicações.

Tratamento clínico

A abordagem clínica é a mais utilizada e a maioria dos pacientes se beneficiam dela. Isto é feito por meio da associação entre mudanças de comportamento e uso de medicamentos.

Assim, as mudanças de comportamento incluem:

  • Perda de peso
  • Redução no consumo de alimentos ricos em gorduras, temperos industriais, frutas cítricas, café, chocolate, bebidas alcoólicas ou gaseificadas
  • Evitar comer grande quantidade em pouco espaço de tempo (uma única refeição)
  • Evitar deitar-se por duas horas após a refeição
  • Cessar o tabagismo
  • Evitar o uso de roupas apertadas
  • Não comer antes de atividades físicas (o ideal é que após a refeição, aguarde ao menos 1 hora até a prática de exercícios)
  • Elevar a cabeceira da cama em 15 centímetros

Junto das mudanças comportamentais, é também indicado o uso de medicamentos que reduzam a secreção do suco gástrico, levando assim a uma melhora dos sintomas e cicatrização das lesões.

Os fármacos que podem ser utilizados são:

  • Inibidores da bomba de prótons (por exemplo, omeprazol e esomeprazol)
  • Antiácidos, alginato e sucralfato (como formas de alívio temporário)
  • Bloqueadores de receptores H2 da histamina (por exemplo, a cimetidina e a ranitidina)
  • Procinéticos (por exemplo, a metoclopramida e a domperidona)

Além disso, é sempre importante lembrar que apenas o médico é apto para avaliar qual o melhor medicamento para cada caso.

Assim, nunca se medique sem prescrição médica.

Tratamento cirúrgico

Por fim, o tratamento cirúrgico (5) é indicado apenas em casos específicos.

Dessa forma, o paciente deve ser preferencialmente jovem, não obeso, apresentar sintomas intensos, responder bem aos medicamentos e ter exames alterados.

Na cirurgia, chamada fundoplicatura, o médico faz com que a parte superior do estômago envolva o esfíncter esofágico, criando assim uma nova barreira que protege contra o refluxo gastroesofágico.

Este artigo te ajudou?
(Autor)

Como graduando do curso de Medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) e escritor do Vitalismo tenho como propósito trazer informações sobre saúde de qualidade e baseadas em evidências científicas com uma linguagem de fácil acesso para toda a população. Ingressei no curso de Medicina em 2018 por vocação e amor ao cuidado. Agora tenho a oportunidade de levar essa minha paixão para todos leitores do Vitalismo. Além disso, sou fundador da Liga de Empreendedorismo, Gestão e Inovação da UNESP e atualmente sou coordenador da Liga de Ortopedia de Botucatu.

Este artigo não possui comentários
      Deixe seu comentário

      O seu endereço de email não será publicado.