TDAH: Conheça Este Transtorno, Seus Sinais e o Tratamento

TDAH é uma sigla que significa transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (1).

De modo geral, esta condição se baseia em três grandes características (2,3):

  • Desatenção
  • Impulsividade
  • Atividade aumentada

Estudos mostram que TDAH ocorre em torno de 5 a 10% da população (4,5) abaixo de 18 anos e que provavelmente não tem influência de etnia, condição econômica ou localização geográfica.

Além disso, é mais comum em meninos, já que existe uma razão de 2,4 meninos para cada uma menina afetada.

Por fim, saiba que entre os afetados, cerca de 15% mantêm seus sintomas na idade adulta.

As causas, no entanto, não são totalmente compreendidas, embora o ambiente familiar parece ter forte correlação com muitos casos (6).

Quais são os sinais e sintomas do transtorno?

Em princípio, os sinais de TDAH costumam aparecer já na infância e podem permanecer até à vida adulta e incluem grupos de sintomas de dois âmbitos: (1) falta de atenção (2) impulsividade e hiperatividade.

Como exemplos mais específicos, podemos citar:

  • Ser facilmente distraído por pensamentos ou estímulos que não tem relação alguma com o que está fazendo
  • Dificuldade para prestar atenção em detalhes
  • Cometer erros por descuido com frequência
  • Dificuldade em manter a atenção, mesmo em curtos períodos (déficit de atenção)
  • Não conseguir seguir instruções, finalizar uma tarefa
  • Não conseguir organizar tarefas e atividades
  • Ter esquecimento de atividades do dia dia, como pagar contas e comparecer a compromissos agendados, por exemplo
  • Não conseguir permanecer sentado quando solicitado (em sala de aula ou no trabalho)
  • Não conseguir brincar calmamente ou sem grande agitação
  • Grande agitação (hiperatividade, a criança “a mil” ou “a todo vapor”)
  • Falar excessivamente
  • Não conseguir aguardar a sua vez
  • Interromper os outros ou se intrometer no que outros estão fazendo

Dessa forma, quando esses sinais se mantêm na adolescência e na vida adulta, podem impactar na organização, no planejamento de atividades e no cumprimento de prazos.

Assim sendo, isso pode resultar em:

  • Procrastinação (adiar o que precisa ser feito)
  • Esquecimentos
  • Baixo desempenho escolar ou no trabalho
  • Menor empregabilidade
  • Problemas financeiros
  • Acidentes diversos
  • Relacionamentos instáveis
  • Saúde física e mental prejudicada
  • Abuso de álcool e outras drogas

No entanto, é importante notar que os sintomas e as consequência dependem do contexto.

Isto é, ambientes com regras e acompanhamento próximo, como uma aula particular, podem facilitar a motivação.

Além disso, há situações que podem ser motivadoras por si só (como jogos) ou que podem aumentar a motivação por um tempo (como véspera de prova).

Por isso, é importante avaliar quando e como os sintomas ocorrem para se ter um diagnóstico.

Como é feito o diagnóstico?

Em princípio, o diagnóstico em crianças depende dos relatos dos pais, da escola ou de outros profissionais que cuidam da criança, bem como do exame do médico.

Em contrapartida, em adultos, os sinais e sintomas podem ser mais difíceis de serem percebidos.

O diagnóstico pode ser de três tipos:

  • Predominantemente desatento
  • Predominantemente hiperativo-impulsivo
  • Misto

Em geral, isso depende de quais sintomas se manifestam mais.

E para classificar uma pessoa como portadora de TDAH, é preciso que os sintomas:

  • Tenham ocorrido durante muito tempo, de modo crônico
  • Apareçam antes dos 12 anos de idade (em adolescentes e adultos)
  • Causem prejuízo em mais de um contexto da vida (como na socialização ou no desempenho escolar)

Contudo, é comum que algumas outras condições psiquiátricas confundam o diagnóstico ou ocorram junto com o TDAH.

Entre elas, estão:

  • Ansiedade
  • Transtornos do humor
  • Transtorno desafiador de oposição
  • Transtornos de aprendizagem

Além disso, outras condições, como problemas de audição, de visão ou do sono, podem gerar resultados semelhantes, mas com causas diferentes.

Por isso, uma avaliação completa é necessária antes de ter um diagnóstico e se iniciar um tratamento.

Tratamento do TDAH

Apesar de não existir um tratamento curativo, algumas medidas podem ajudar a reduzir sintomas e diminuir os prejuízos que incapacitam uma vida mais normal (7).

Em crianças, o tratamento dessa condição inclui treinamento parental – isto é, um treino que educa os pais (ou mesmo professores) para lidar com a condição da criança.

Primeiramente, no treinamento, os pais ou os cuidadores são orientados.

Assim sendo, as orientações incluem a maneira adequada de dar recompensas (para um comportamento desejado) e punições (quando um comportamento não é o desejado).

Os pais também são instruídos a criar uma rotina previsível e um ambiente de estudo com pouca ou nenhuma distração para a criança.

Enquanto isso, na escola, a criança pode ter assento preferencial, atividades e provas adaptadas, bem como um reforço extra-classe.

Mas quando isso não diminui os danos que a criança pode ter na escola ou outros lugares, pode-se usar medicamentos.

Os medicamentos de escolha, em geral, são os estimulantes – metilfenidato ou lisdexanfetamina.

Eles são bem estudados e muito utilizados no tratamento de TDAH.

Entretanto, podem causar alguns efeitos indesejados como:

Por fim, vale ressaltar que também é preciso investigar a história de doenças cardíacas na família.

Isso é importante principalmente para avaliar o risco de um mal súbito por conta de algumas medicações.

Já em adultos, o tratamento pode envolver não apenas o uso de medicação, mas também a psicoterapias, por exemplo:

  • Terapia cognitiva comportamental
  • Aconselhamento de casais e terapia de famílias

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(Autor)

Olá! Meu nome é Gabriel Braga Villa e tenho 26 anos. Sou estudante do quinto ano de Medicina na UNESP Botucatu. Batalhei bastante para entrar na faculdade, fiz quatro anos de cursinho pré-vestibular depois de me formar no colégio. Hoje amo estudar saúde e as duas coisas que mais me movem na área são: acolher quem precisa de ajuda e espalhar conhecimento para que as pessoas possam viver com mais qualidade. Além da medicina, também amo todos os tipos de esportes. Jogo basquete e pratico corrida há 10 anos -- são as atividades que mais relaxam meu corpo e minha mente. Inclusive, acredito no exercício físico, no esporte e em um estilo de vida ativo como ferramentas de promoção de saúde, uma vez que podem participar da prevenção e da cura de diversas doenças, além de poder aumentar a qualidade de vida de qualquer pessoa. Por fim, sou fiel à ciência e ao método científico e, neste projeto, meu objetivo é contribuir para a saúde e o bem-estar dos leitores do Vitalismo.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

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