Trombose Venosa Profunda: Pode Causar Embolia Pulmonar?

A Trombose Venosa Profunda (TVP) é uma condição bastante comum.

Estima-se que, em média, cerca de 48 a cada 100.000 pessoas desenvolvem TVP todos os anos (1).

Mas você sabia que esta doença pode evoluir para um quadro de Embolia Pulmonar (EP), a qual possui um alto índice de mortalidade?

Nesse artigo, você vai entender o que é a Trombose Venosa Profunda e quais são suas principais causas.

Além disso, também verá sobre o tratamento e as complicações que essa condição possui.

O que é a Trombose Venosa Profunda?

A Trombose Venosa Profunda é caracterizada pela formação de coágulos (trombos) no interior das veias profundas (que ficam em camadas mais internas do corpo). Os coágulos são emaranhados de sangue que se formam quando este “gruda” na parede interna da veia e “endurece”. Com isso, passa de estado líquido para semissólido (parecendo-se com um gel).

Na maioria das vezes, os coágulos se formam na panturrilha (“batata da perna”).

No entanto, também podem ocorrer na coxa ou na pelve (bacia).

Ou em outras partes do corpo, embora isso seja mais raro.

Uma vez que o coágulo se forma ele passa a obstruir parte do fluxo de sangue da região.

Por conta disso, surgem alguns sintomas.

Vamos ver quais são eles?

Sintomas da Trombose Venosa Profunda

De modo geral, a maioria dos sintomas da trombose venosa profunda são pouco específicos, ou seja, podem ser confundidos com os de outras doenças.

Além disso, vale lembrar que apenas metade das pessoas que possuem TVP apresentam algum sintoma.

De qualquer forma, quando presentes, os sintomas mais comuns incluem:

Certo, agora que você já sabe os sintomas mais comuns, vamos ver porque os trombos se formam.

Causas da Trombose Venosa Profunda

A formação de coágulos é basicamente associada a três fatores:

  • Lesão do endotélio (revestimento interno da veia)
  • Alteração do fluxo de sangue (normalmente uma redução da “velocidade” do fluxo)
  • Estado de hipercoagulabilidade (maior tendência para que o sangue vire coágulo)

Lesão do Endotélio

As lesões endoteliais levam à ativação das plaquetas (células do sangue responsáveis por iniciar a coagulação sanguínea). Nesses casos, a lesão tem mais risco de ocorrer em pessoas com:

  • Idade avançada
  • Tabagismo
  • Diabetes
  • Pressão alta
  • Trauma (cirúrgico ou não cirúrgico)
  • Colesterol alto no sangue

Alteração do Fluxo

Chamamos a diminuição do fluxo de sangue de estase venosa. Tanto a estase venosa quanto o turbilhonamento do sangue (quando o fluxo sanguíneo se torna agitado) tornam maiores as chances de o sangue coagular.

Assim, algumas das causas de alteração do fluxo são:

  • Falta de atividade física (não apenas exercícios físicos, mas também a inatividade no período pós-operatório, ou devido à paralisia causada por AVC ou durante hospitalização)
  • Insuficiência cardíaca crônica
  • Varizes
  • Imobilização de membros (por exemplo, com o uso de gesso na perna)
  • Anestesia
  • Alterações do ritmo cardíaco

Hipercoagulabilidade

Neste caso, o sangue se torna mais predisposto a formar coágulos. Algumas de suas causas incluem:

Assim, fica claro quais são os fatores de risco para a TVP.

Fatores de Risco (2)

  • Idade avançada
  • Imobilização prolongada
  • Tromboembolismo prévio
  • Varicosidades e infecções
  • Neoplasias (cânceres)
  • Gravidez
  • Uso de Anticoncepcionais
  • Traumatismo (lesão por forças mecânicas, como em brigas, acidentes de carro etc.)
  • Causas genéticas

Tratamento da TVP

O tratamento da trombose venosa profunda tem como objetivos impedir que o trombo continue crescendo, dissolver o trombo e evitar que novos deles surjam.

Para isso são utilizados medicamentos anticoagulantes (que “afinam” o sangue), os quais diminuem as chances de o trombo crescer ou de formar novos trombos.

Mas em casos mais graves, também pode ser feito o uso de medicamentos trombolíticos, que desfazem os trombos já formados.

Além do tratamento medicamentoso, também se recomenda o uso de meias de compressão (3).

As meias são importantes, pois comprimem os vasos das pernas.

Com isso, facilita o retorno venoso (sangue que flui para o coração) e diminui as chances de ocorrer a estase (“parada” ou redução do fluxo de sangue) venosa.

Por fim, nos casos mais graves, em que o trombo é muito grande, existe ainda a possibilidade de se fazer a retirada cirúrgica do trombo.

Mas vale ressaltar que é uma cirurgia que apresenta riscos de infecção, lesão dos vasos, hemorragia, entre outros.

Portanto, a cirurgia é reservada apenas aos casos mais graves.

E afinal, o que acontece se essa condição não for tratada?

Caso não tratada, a Trombose Venosa Profunda pode ter complicações muito prejudiciais.

Complicações

Uma vez estabelecida a TVP, ela evolui para hipertensão venosa (aumento da pressão do vaso afetado) ou para embolia pulmonar (EP).

A embolia pulmonar ocorre quando o trombo se solta da região onde estava preso, formando um êmbolo.

O êmbolo, por sua vez, se desloca pela corrente sanguínea até se estabelecer nas artérias que irrigam o pulmão.

É importante saber que a embolia pulmonar é a forma mais comum de doença tromboembólica e possui uma elevada taxa de mortalidade (4).

Assim sendo, é importante reconhecer os fatores de risco modificáveis da trombose venosa profunda para modificá-los o quanto antes.

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(Autor)

Como graduando do curso de Medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) e escritor do Vitalismo tenho como propósito trazer informações sobre saúde de qualidade e baseadas em evidências científicas com uma linguagem de fácil acesso para toda a população. Ingressei no curso de Medicina em 2018 por vocação e amor ao cuidado. Agora tenho a oportunidade de levar essa minha paixão para todos leitores do Vitalismo. Além disso, sou fundador da Liga de Empreendedorismo, Gestão e Inovação da UNESP e atualmente sou coordenador da Liga de Ortopedia de Botucatu.

William Fan (Revisor)

William Fan é médico graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB). Fez estágios clínicos em Oncologia Clínica e Medicina de Emergências na Prince of Wales Hospital, afiliada da University of New South Wales, Sydney, Australia (UNSW) e que faz parte do prestigiado Group of Eight, grupo que reúne as 8 instituições líderes de excelência em ensino e pesquisa da Austrália. Além disso, colaborou no desenvolvimento de um projeto científico da Centre for Vascular Research, na UNSW. Tem também publicações científicas em periódicos (revistas) internacionais de impacto na comunidade científica em áreas de pesquisa experimental e pesquisa clínica, abrangendo as áreas de biologia do câncer, doenças cardiovasculares, além de ser co-autor de uma revisão sistemática e meta-análise. Foi certificado pelo programa Sharpen Your Communication Skills da Stanford Graduate School of Business. Atualmente é revisor científico do Vitalismo. Seus interesses incluem entender como aplicar o conhecimento de pesquisas científicas no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde das pessoas. Nos momentos livres, gosta de estudar idiomas (atualmente fala Inglês, Chinês Mandarim e Alemão), fazer leituras, acompanhar debates inteligentes, jogar basquete e experimentar diferentes culinárias.

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